Festival Oxigênio e colaborações nacionais: o retorno de Helmet ao Brasil
Conversamos com Page Hamilton sobre inspirações, evolução musical da banda e possíveis músicas novas
De System Of a Down a Deftones, a influência do Helmet em diversos grupos emergentes dos anos 90 é evidente e incontestável. Atração do domingo do Festival Oxigênio, a banda concedeu um bate-papo exclusivo ao Downstage para falar sobre sua importância e evolução musical, presença no lineup do evento brasileiro e futuro do grupo.
Durante a entrevista, Page Hamilton disserta sobre o maior diferencial da banda: “Uma das singularidades do Helmet é justamente ser o Helmet. Não quero soar grandioso demais, mas todas as inovações que introduzimos ao rock são musicais. Não é um corte de cabelo, é música.”
Admirado por David Bowie e inspirado por clássicos como Led Zeppelin e Billy Gibbons, Hamilton passou a dar aulas de música durante a pandemia e, ao ensinar crianças do ensino fundamental, afirmou retomar a perspectiva acerca do por quê ainda faz música: “[Isso] me lembra quando eu tinha essa idade e sonhava em ser o Jimmy Page ou o Rick Nielsen. A música, para mim, é como a vida: um constante aprendizado. A música é o verdadeiro mestre e ninguém domina tudo o que existe no mundo em relação à ela, é preciso progredir todos os dias.”
Sobre a evolução musical do Helmet desde o primeiro disco até o Dead to the World, Page brinca que poderia escrever um livro. “A primeira música do Strap It On foi basicamente uma epifania no meio da madrugada”, relembra. “Quando cheguei em casa e peguei a guitarra às 4 horas da manhã, a nota mais baixa era um D. [Isso] me libertou de qualquer antigo hábito de composição, eu tive que ouvir tudo que tinha composto daquele momento em diante e minha obsessão com ritmo se tornou meu foco principal.”
Conforme trabalhava com essa entonação e esses conceitos rítmicos ao longo do tempo, Page continuou expandindo seu uso de seis cordas em todos os seus riffs e acordes, algo que refletiu diretamente no sucesso e evolução do Helmet nos últimos 30 anos.
Passagem pelo Brasil
Ao ser questionado sobre o Festival Oxigênio e o que podemos esperar da setlist, Page Hamilton se mostrou animado por poder voltar ao Brasil 11 anos depois, sobretudo em um cenário pós-pandemia.
“Eu estou inclusive produzindo uma música para uma banda brasileira!”, revelou. “O dia seguinte do festival é o nosso dia de folga e vou estar no estúdio com eles, mas não me importo; eu amo meu trabalho! Nós estamos muito felizes em retornar aos shows, é para isso que eu vivo sabe? E as pessoas sentem quando você faz por amor.”
Ele continua: “Esse é o momento de abraçarmos essa volta aos palcos e eu estou trabalhando em algumas músicas novas, mas não posso dizer como vai ser a setlist; nós temos muito material e estamos voltando depois de anos de punição pandêmica! Eu mal posso esperar!”