10 álbuns indispensáveis do midwest emo

Sentimentalmente bonito, mas nem sempre leve, o midwest emo consegue se conectar com as pessoas através de sua coragem e originalidade

Arte: Tayna Viana / Downstage

Que a música emo sempre foi baseada em sentimentos não é novidade. Falar sobre frustração, sociedade, depressão, relacionamentos e ansiedade sempre foi uma das principais características do emo. Mas é como isso é falado e entregue para o ouvinte que faz do midwest emo algo totalmente diferente.

Com álbuns extremamente sentimentais, mas muito inteligentes, o midwest emo consegue atingir o público e ressoar de uma forma muito mais intimista, fazendo parecer que as músicas desse estilo sempre irão encontrar um ouvinte disposto a se ver refletido em suas canções. E é buscando novos ouvidos para velhos sentimentos que nós, do Downstage, separamos 10 álbuns indispensáveis quando o assunto é midwest emo.

American Football – American Football (1999)

O primeiro disco da lendária banda que pode ser considerada como os “pais do emo”, ja que basicamente ajudou a dar origem a todo um estilo baseado em seu som. Com linhas de guitarra suaves e gostosas de ouvir, a banda se aproveita do instrumental para contar parte de suas histórias de forma não verbal, mas que no meio de tudo o que é American Football, soa a viagem mais perfeita que um disco pode oferecer do início ao fim.

Não só um clássico instantâneo, mas indispensável para todo mundo que gosta de emo e quer entender um pouco mais do gênero que eles acabaram influenciando.

The Appleseed Cast – Two Conversations (2003)

Um trabalho perfeito de uma banda que não teve medo de fazer o que queria e como queria. Two Conversations é um álbum maduro sem deixar de lado sua parcela experimental. O disco nos leva através da história de um casal em duas partes. Na primeira parte (as cinco primeiras músicas) vemos o casal se afastando lentamente até chegar no ponto de ter que deixar o relacionamento para trás e seguir em frente. Na segunda metade vemos o amor perdido se tornar amizade, sem necessariamente deixar de ser amor.

Um disco leve e simples, que gera identificação muito fácil. Com melodias lindas e uma bateria bem intensa, a obra dividiu os fãs que gostavam mais dos trabalhos anteriores e estruturou o caminho que a banda iria seguir em seus próximos lançamentos, puxando para essa linha mais emocional.

Algernon Cadwallader – Some Kind of Cadwallader (2008)

Um disco perfeito para os amantes de American Football e Cap’n Jazz, já que soa como a mistura ideal dessas duas bandas. O álbum exala uma energia puramente crua, mas é extremamente criativo com suas guitarras típicas do midwest emo, sem deixar de lado completamente as referências mais pop punk. Sem falar do vocal, que é tudo que se espera de uma banda do estilo.

Mesmo com referências bem nítidas, a banda não perde seu valor e tem sua autenticidade para agradar todo mundo que estiver disposto a ouvir algo além da proposta “exterior”. São pequenos detalhes, como um pandeiro ou uma gaita de boca, que fazem com que esse disco seja uma audição simples, porém muito rica.

Tigers Jaw – Tigers Jaw (2008)

O autointitulado do Tigers Jaw é simples e intimista. A obra conta com melodias básicas, animadas e letras densas, mas ao mesmo tempo intimistas o suficiente pra conseguir gerar identificação. Esse disco figura entre os melhores do estilo. Uma boa porta de entrada para quem quer ser apresentado ao emo.

Uma verdadeira obra prima, que pode ser ouvida a qualquer momento, já que a audição é prazerosa ao ponto de se perder a noção do tempo.

Marietta – Summer Death (2013)

Summer Death pode ser considerada uma obra prima dentro do midwest emo. Focando especialmente nas letras divertidamente angustiadas em suas composições, os instrumentais bem trabalhados ficam em segundo plano, mas não ignorados, na forma que a banda escolheu para contar e compartilhar suas histórias.

Um disco de estreia que trouxe também o ápice das composições de uma banda com uma discografia curta, mas que deixou seu nome marcado em muitas vidas, além de ser considerado referência no estilo.

The World Is a Beautiful Place and I Am No Longer Afraid to Die – Whenever, If Ever (2013)

Pitadas de ansiedade e melancolia, recheadas com letras poéticas que transbordam emoções e uma certa sensação de estar em uma viagem de férias o tempo todo. É isso que Whenever, If Ever passa ao ouvinte a cada música desse disco que pode ser considerado o ápice criativo da banda.

Com um instrumental maravilhosamente bem composto e com letras que se encaixam como uma luva nas melodias, seja na comparação de sentimentos falados com o clima melódico ou nas métricas dentro dos arranjos, a banda conseguiu criar um disco que consegue ser um abraço aconchegante de um velho amigo para fãs do gênero. Ao mesmo tempo, consegue ser um ótimo ponto de partida para as pessoas que mergulharam no gênero recentemente.

The Hotelier – Home, Like Noplace is There (2014)

Um dos melhores discos de emo da sua década, Home, Like Noplace is There é fácil de ser entendido e sentido mas muito difícil de ser digerido, já que nos põe pra pensar em coisas além da música. Um disco que parece uma montanha russa, sabendo dosar intensidade e sentimentos explosivos, desacelerando quando precisa construir tensão ou dar tempo de respirar antes da próxima explosão.

Poucas bandas trataram da depressão de uma forma tão rica liricamente, já que mesmo denso, o disco não chega a ser um “estraga prazeres”, ele apenas nos põe para refletir sobre uma doença séria através da perspectiva do narrador, que guia as histórias através do vocalista.

Sorority Noise – Joy Departed (2015)

Joy Departed é considerado por muitos o maior clássico da banda. É o típico álbum triste, mas envolvente o suficiente para não se ver o tempo passar e ao se dá conta, o ouvinte se pega na segunda ou terceira audição. Isso se dá pela dinâmica do disco, que trabalha suas músicas de forma diferenciada, onde mesmo uma música que começa muito lenta, vai acelerando, crescendo e ganhando corpo até explodir num instrumental bem trabalhado e com muitas referências. Algo que certamente acaba agradando os mais diversos gostos.

Um disco poeticamente lindo, jovem e desiludido, com um instrumental bem diverso, se tornando uma audição indispensável para quem curte o estilo.

Mom Jeans. – Best Buds (2016)

Best Buds é divertido, emocional e completo, mas antes de tudo é um álbum sincero. Todo mundo sente quando a banda faz o que eles querem da música deles, e é essa liberdade e paixão que faz desse disco uma obra única.

O instrumental simples, bem alinhado e arranjado, faz do disco uma das audições mais fáceis de toda essa lista. É um trabalho que vai te fazer sorrir mesmo que toque em alguma memória do passado. Não é um disco perfeito, mas com certeza isso é o que dá o toque especial do que é o Mom Jeans.

Tiny Moving Parts – Swell (2018)

Linhas melódicas bem trabalhadas em músicas dançantes que poderiam muito bem ser trilhas de qualquer filme jovem de hoje em dia. A banda tem um som bem único, de forma que fica quase impossível não reconhecer, seja pelo timbre das guitarras, dos vocais ou os riffs bem complexos que Dylan se desdobra para tocar e cantar.

Com o perdão do trocadilho, Swell é “cafeína na corrente sanguínea”, sendo um álbum que trata das ansiedades da vida adulta e das inseguranças com a vida social contemporânea, tendo a capacidade de amenizar as mesmas.