12 bandas do underground nacional feminino para conhecer

Arte: Carol Moraes / Downstage

Que o underground nacional é riquíssimo, nós já sabemos. No entanto, apesar de ser uma cena de muita colaboração, apoio e, sobretudo, atuar como unidade, ainda há muito o que se descobrir quando se trata de seu recorte feminino.

No Brasil, temos nomes incríveis que já fizeram história e ainda existem muitas pessoas que não conhecem, como por exemplo a Nervosa, em atividade desde 2010. A banda atualmente possui quatro integrantes e conseguiu levar o metal feminino e brasileiro para fora do país diversas vezes, tornando-se hoje um dos nomes mais consolidados do thrash metal nacional.

Outro nome interessante de se levantar é o da Sinaya, a primeira banda de deathcore não somente do Brasil, como também do mundo, formada apenas por mulheres. O quarteto paulistano está em atividade há mais de uma década e acumula um EP e dois álbuns de estúdio, além de anos de shows, estes que já ocorreram na Europa e América do Sul.

Porém, não são só esses dois nomes que a cena do underground nacional feminino tem a oferecer. Ano após ano, muitos grupos incríveis de mulheres são formados em território brasileiro, e pensando nisso, o Downstage selecionou 12 para você conhecer:

Der Baum

A Der Baum é altamente indicada para os fãs de post-punk, visto que suas influências são fortíssimas no gênero e ressoam diretamente em sua sonoridade. Cheia de conceito que começa nas composições e arranjos e estende-se à identidade visual, o quarteto conta com duas mulheres em sua formação: Vaness Gusmão, que também assume o baixo e Fernanda Gamarano, que toca guitarra.

O interessante da banda também é o fato de todos os integrantes cantarem, além de tocarem seus instrumentos. No ano passado, a Der Baum liberou seu segundo álbum de estúdio, DB93, que conta com três feats femininos na tracklist de 10 faixas: Madame de Mim em Amigos Estranhos, Cris Botarelli em Break it Down e Carol Navarro em Sai Daqui.

INSTANCE

A instance é uma joia rara escondida no Spotify, com pouquíssimos ouvintes, mas que definitivamente merecia estar nas paradas. O som é mais direcionado para quem curte um pop rock, mas recolhe bastante influências de gêneros variados, desde o pop mainstream ao nu-metal e metalcore. Formada em 2014 em Belo Horizonte, o quinteto é liderado pelos vocais de Camila Nogueira.

Até então, os mineiros possuem dois EPs autorais lançados, o mais recente, Síntese, liberado em 2019, com quatro faixas inéditas. Em 2021, a instance quebrou um breve hiato com o excelente single Despertar, que já conta com mais de 50 mil reproduções acumuladas em todas as plataformas digitais.

ELIZIA

Também da capital de Minas Gerais, a Elizia entrega conceito, modernidade e até mesmo um pouquinho de caos em sua sonoridade. Flertando bastante com o rock alternativo, o quarteto liderado pelos vocais de Ana Carolina Sarmento surgiu em 2014 e levou apenas dois anos para lançar seu primeiro álbum de estúdio, (Des)Construir / Efêmero, com nove faixas autorais.

A versatilidade da Elizia é algo surpreendente. O som não é tão pesado, mas pode flutuar bem e agradar tanto os fãs de hardcore quanto os de pop rock. Além disso, Carol já demonstrou que consegue facilmente variar de vocais agressivos para mais suaves, como observado nos singles O Coração Parece Não Bater, de 2018 a Não Abaixar a Cabeça, de 2021.

Teorias do Amor Moderno

Original e diretamente de Santo André, no ABC Paulista, berço de bandas que marcaram geração atrás de geração do rock e hardcore brasileiro, surgiu a Teorias do Amor Moderno. O grupo, comandado por Larissa Alves, que também assume as guitarras do trio, está em atividade há surpreendentes 15 anos e desde sempre carregou letras engajadas e reflexivas em seu repertório.

Teorias do Amor Moderno traz não somente mais vocais femininos para a cena do rock nacional: Larissa também carrega a bandeira lésbica consigo. A artista já encabeçou diversos projetos que levantam esse tipo de pauta na banda, com destaque para o single Aurora, lançado no Dia Internacional do Combate à Violência Contra a Mulher em 2020. O projeto contou com captação, composição, mixagem, produção e todo o resto da concepção da música 100% por mulheres, e é até hoje uma das mais icônicas faixas da banda.

The Mönic

A The Mönic também é uma grata surpresa dentro do cenário paulistano, formada há pouquíssimo tempo: 2018. O quarteto possui três integrantes mulheres em sua formação: Ale Labelle (guitarra e voz), Dani Buarque (guitarra e voz) e Joan Bedin (baixo e voz). A sonoridade pode agradar facilmente os fãs do punk rock feminista que efervesceu Washington na década de 1990, ao mesmo tempo que adiciona toques modernos e eletrônicos a algumas canções.

Atualmente, a banda encontra-se no processo de composição de seu próximo álbum de estúdio, dando sequência ao disco de estreia Deus Picio. Em 2020, durante o período de isolamento social, a The Mönic deu asas à criatividade para conceber o EP Refúgio, com versões acústicas e intimistas de faixas do disco de estreia. O mais recente lançamento do grupo é o single Bittersweet, em colaboração com a banda The Zarsters.

Dodelle

A Dodelle deve ser a banda mais recente de toda a lista. O quarteto vem da cena autoral e independente de Belo Horizonte e tem apenas um single até agora lançado, mas que já adianta muito o que o público pode esperar da sonoridade do grupo: um rock alternativo com boas doses de influências do punk e um refrão de grudar na cabeça, essa é My Castle.

A frontwoman da Dodelle é Julie Vasconcelos, que além de ser a responsável pelos vocais das músicas, ainda dirigiu e roteirizou todo o clipe do primeiro single do grupo.

Aknus

Também de Belo Horizonte, a Aknus é um quinteto de metal alternativo que também possui pinceladas de rock em sua sonoridade. Há modernidade, peso e conceito em todo o trabalho da banda, que no início de 2022 está prestes a ganhar uma nova fase criativa.

Formada em 2017, não demorou muito para dividirem com o público seu primeiro single, Lenda Morta. A música teve um alcance surpreendente e acabou resultando numa turnê pela capital mineira, além de garantir a final de um festival de bandas locais. São duas integrantes mulheres na formação da Aknus: Sofia Lempp Mafra, que assume o baixo e Janyni, responsável pelos vocais.

In Venus

A In Venus surgiu em São Paulo em 2015, ideal para os fãs de post-punk mas com um pezinho também em new wave. A sonoridade do grupo é bastante única, descrita também como um “mosaico de ritmos que se somam e complementam” composições que desde sempre são carregadas de pautas sociais e políticas contemporâneas.

Na formação do quarteto há três mulheres: a baterista Duda Jiu, a baixista Patricia Saltara e a vocalista e tecladista Cint Murphy. A banda lançou em 2016 seu primeiro single, Mother Nature, que logo desenrolou-se em mais um, com Youth Generation e resultou no disco de estreia Ruína. Nos anos seguintes, a In Venus liberou o EP Refluxo, que deu sequência a uma série de shows. O mais recente lançamento é o excelente álbum Sintoma, que está à venda em sua versão em vinil.

Continue

A Continue chegou representando São Bernardo do Campo para dar início a uma nova geração de mulheres no cenário do rock alternativo local. Comandado por Naty Zanellato nos vocais, o grupo lançou seu primeiro trabalho em 2018, o EP Ciclo Sem Fim, com seis faixas inéditas.

A banda também chegou a fazer uma participação em Aurora, faixa já citada por aqui do trio Teorias do Amor Moderno, no álbum Ao vivo no Estúdio Showlivre, em 2021. Os mais recentes trabalhos da Continue, além do feat, incluem o single Autocontrole, que traz uma reflexão sobre pressão estética na sociedade moderna. No ano passado, a banda liberou seu mais novo single, Adicta.

Anti-Corpos

A Anti-Corpos é uma banda lésbica de hardcore feminista de São Paulo. Formado por Adriessa Oliveira (guitarra), Helena Krausz (bateria), Marina Pandelo (baixo) e Rebeca Domiciano (vocais), o grupo já se apresentou diversas vezes fora do país, tanto em turnês pela América do Sul quanto pela Europa, levando consigo suas letras carregadas de pautas sociais e, é claro, anticapitalistas.

O quarteto possui dois álbuns de estúdio lançados até agora: Contra Ataque (2014) e Forma Prática de Luta (2015), além dos EPs Caminhos e Escolhas, lançado em 2004 e disponível somente pelo bandcamp e Meninas para Frente (2012) e We Keep On Living (2020), até então o seu trabalho mais recente, com quatro faixas.

Intervenção

A Intervenção foi formada em 2015 em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Como o próprio nome sugere, as músicas abordam temas sociais e cotidianos, todas elas com uma sonoridade que bebe bastante da água do punk rock setentista. Os vocais mesclam-se e variam entre os três integrantes: Gabriela “Binha” (baixista), Wanessa Barreto (baterista) e Felipe “Lipe” Faia (guitarra).

A banda possui dois álbuns lançados: o primeiro, Não tem Batalha! Tem Massacre!, lançado em 2017 com oito músicas e o mais recente Ela É de Luta, liberado em 2020 com treze faixas inéditas e que deu início a uma nova Era na carreira da banda.

Klitores Kaos

Para fechar, é necessário também enaltecer a Klitores Kaos, uma banda de hardcore feminista diretamente de Belém, município no Pará. Três dos quatro integrantes são mulheres: a baixista Line Menezes, a guitarrista Nia Nianne e a vocalista Suelen Lucelina. A sonoridade entrega peso e muita modernidade, além de letras engajadas e carregadas de questões e temas que ninguém têm coragem de trazer para pauta.

O grupo possui dois EPs lançados no Spotify: o autointitulado de 2020, com quatro faixas e uma continuação lançada no mesmo ano, que contou com duas canções extras. Recentemente, a Klitores Kaos lançou o single Império da Dor, integrante de uma coletânea das Seletivas do festival Se Rasgum, que ainda contou com outros nove artistas da Amazônia.

As indicações na matéria vão ficando por aqui, mas no nosso Spotify você encontra uma playlist com mais de 30 bandas do underground nacional feminino, como Putz, Deb and the Mentals, sapataria, demonia, Manger Cadavre? e muitas, muitas outras: