Os melhores EPs de 2022

Confira a seleção dos EPs que mais se destacaram ao longo do ano na visão dos nossos redatores

Arte: Ana Oliveira / Downstage

Por Bia Vaccari, Ana Carolina, André Artigas, Hugo Daflon, Fernanda Manon, Julia Santiago e Vinicius Pereira

Com a chegada do fim de 2022 é o momento de separar aquela lista com os materiais que mais se destacaram na visão dos nossos redatores. E hoje trazemos aqui os EPs desse ano inesquecível. 

E por aqui se destacaram muitos artistas nacionais, além de alguns medalhões da gringa. Confere a lista que separamos para vocês:

Surra – Sempre Seremos Culpados 

Este EP nos trouxe um recado claro sobre como o cenário político mundial está, quando se fala em Mísseis Democráticos sobre as guerras causadas por países de primeiro mundo e como eles reproduzem isso de forma cinemática, fazendo muitos achar que na verdade aquilo é para o bem, também temos críticas sobre como a burguesia vê o trabalhador que sempre será culpado por tudo e descartado assim que necessário, já se juntando a terceira faixa que nos fala como a polícia e justiça não vê o pobre e trabalhador como alguém digno de segurança e que está cada vez mais fadado a ser abordado nas ruas, assaltado, marginalizado e que não pode recorrer a isso de forma digna.

Na última faixa, A Vida Cobra, temos um recado claro sobre a falta de organização política no cenário atual e que isso nos levou a eleger o “inimigo” em 2018, e que é algo a se refletir para 2022 e para o futuro, para que os pobres não precisem recorrer mais às suas caixas de remédios para sobreviver ao dia a dia sem saber se chegará à próxima refeição com vida. É um EP com um recado bem intenso e pesado, como sempre o Surra fez e passou o recado.

Millo – Nós

O Nós é um caldeirão de originalidade. É assim que pode se definir o som da banda carioca com muita influência de math-rock mergulhada em emo e até em rock progressivo. A banda instiga o ouvinte com a sutileza das guitarras limpas, mas conquista com o peso que é acrescentado a essa receita, seja das guitarras, das letras ou dos vocais extremamente versáteis. O EP é uma viagem melancolicamente gostosa e poética da primeira até a última música.

Zero To HeroLILO

Já na primeira faixa do EP o ouvinte pode ficar pensando que já ouviu aquilo em algum lugar, e que essa referência vai ficar bem escancarada no próximo verso, refrão ou parte instrumental. Porém, conforme a música corre, a personalidade da banda toma posse de tudo que é tocado e cantado, que mesmo notando as influências que embalam a banda, eles soam “só” eles mesmos, e com muita qualidade. 

LILO é tão coeso que te carrega de ponta a ponta do EP sem te sobrecarregar, fazendo que ouvir o disco em loop seja a coisa mais fácil do mundo.

Knuckle PuckDisposable Life

A banda volta com uma sonoridade mais próxima do início de carreira, quase como um retrocesso no estilo musical, mas que nada tem a ver com a qualidade final das músicas. A banda, que vinha de um álbum onde “se permitiu” ser mais otimista nas letras (20/20), agora nos apresenta ao que pode ser o trabalho com as letras mais maduras da banda, o Disposable Life.

O EP, que foca em um lado um pouco mais realista, nos coloca o ouvinte para pensar um pouco sobre o futuro e sobre nossas escolhas, em um esforço para reforçar que toda vida tem importância e significado. Vale ressaltar que o EP conta com quatro músicas inéditas e um cover de Here’s Your Letter, do blink-182.

Bayside Kings  – Tempo

O sucessor de EXISTÊNCIA é um trabalho que contém quatro faixas poderosíssimas na qual a banda expande ainda mais a sua visão de mundo e faz duras críticas à sociedade moderna desde quem são as nossas personas na internet até o (des)governo em que vivemos atualmente.

Neste disco, encontramos desde músicas para dançar em meio a um show e que captam a essência do hardcore clássico até músicas com uma pegada mais voltada para o hardcore melódico, tudo isso sem perder a essência da banda, que desde quando começou a compor suas letras em português vem agraciando o público já fiel e conquistando uma nova leva de fãs.

Alpha Wolf & Holding Absence – The Lost & The Longing

Uma junção de dois extremos que deus absurdamente certo. Esse EP colaborativo entre Alpha Wolf e Holding Absence deixou os fãs com um gostinho de quero mais. E se um EP deu muito certo, imagina um álbum de estúdio. The Lost & The Longing é revigorante e, enquanto leva a solidão e a melancolia, traz o desespero e a raiva, como uma conversa entre dois amigos. 

Black Veil Brides – The Mourning

Quem tinha saudade do Black Veil Brides das antigas chorou muito ouvindo esse EP. The Mourning, além de trazer um som nostálgico e revival com a faixa Saviour II, mostrou que a banda continua em um constante progresso para se encontrar novamente. Para quem ficou um pouco decepcionado com o último álbum, esse EP com certeza vai acender a chama pelo grupo novamente.

Poppy – Stagger

Indo cada vez mais longe das suas raízes, Stagger, quinto EP da cantora estadunidense, é mais um passo firme na evolução de gêneros musicais abrangidos por Poppy. Começando no pop, passando pelo metal e recebendo fortes influências do punk, é possível perceber toda a bagagem musical (e plural) de sua carreira em apenas quatro músicas. Escrito em apenas três semanas, Stagger traz mais guitarras, um ritmo mais acelerado e ainda nos presenteia com uma canção mais calma no final, mostrando todas as cores de Poppy em um breve EP.

Meu Funeral – Tropicore Hardcal

Fechando o primeiro ciclo da carreira da banda, Tropicore Hardcal foi lançado em uma sexta-feira 13 e trouxe humor e críticas nos embalos do ska punk. Intercalando tópicos importantes com o humor escrachado característico da Meu Funeral, o segundo EP do quarteto carioca aborda os problemas da cena atual do rock e relacionamentos abusivos sem perder sua identidade, mas não deixando de lado as letras que tiram uma risada do ouvinte. 

Trazendo de volta um gênero já há muito tempo não explorado por bandas brasileiras com tamanha excelência, Tropicore Hardcal se consagra como um dos melhores EPs do ano ao criar, de fato, um Hardcore Tropical excelente e cheio de personalidade.

Hot Milk – The King and Queen of Gasoline

Um EP que não poderia ficar de fora dessa lista é o The King and Queen of Gasoline. Os britânicos do Hot Milk entregaram um EP inflamável e energético que poderia facilmente ser um álbum completo.

Apesar do apelo dos fãs ainda não foi em 2022 que vimos um álbum do duo de Manchester. Mas o EP lançado mostra que alcançar a maturidade necessária para um disco já não é um plano futuro.

Com sonoridade ousada e corajosa, o EP vai desde sintetizadores dos mais pop ao mais punk dos vocais rasgados, passando por todas as nuances existentes nesse meio. A banda não traz muitas surpresas mas aperfeiçoa o bom trabalho que vem construindo nos últimos anos. A temática do EP era rica o suficiente para render um álbum completo, mas ainda não foi dessa vez.  A espera, porém, não deve ser longa, já que o grupo está em estúdio preparando um álbum nesse fim de 2022.

Metade de Mim – Depois de Tudo Que Eu Passei

Uma das mais deliciosas surpresas de 2022, o Metade de Mim dividiu em fevereiro desse ano o excelente Depois de Tudo Que Eu Passei, um EP com quatro faixas que viajam entre a melancolia e o existencialismo em sua forma mais sincera. Com letras fortes e vocais bem expostos, é quase impossível passar pela experiência de ouvir a obra sem deixar de mergulhar nela — definitivamente não são músicas para se colocar como som ambiente, visto que o impacto é bastante introspectivo.

Com destaque para Mais Uma Noite no Sofá, que inicia a tracklist de maneira poderosa e Sem Ar, impossível de não se emocionar no refrão, Depois de Tudo Que Eu Passei coloca o Metade de Mim como uma das melhores novidades do underground nacional em 2022.

All Hours – Perspectives

Os australianos da All Hours retornam com o energético EP Perspectives. Nesse trabalho, os vocais de Dani O’Grady estão muito mais expostos e fazendo um contraste irresistível com os versos berrados, entregando um easycore de qualidade que coloca a banda não só como um fortíssimo representante da Austrália na cena global, como também apresenta mais um grupo incrível liderado por uma mulher.

Mar em Fúria – Mar em Fúria

Reunindo vários nomes da cena underground brasileira, o Mar em Fúria nasceu no segundo semestre do ano com muito peso, modernidade e atitude. A sonoridade mescla o tradicional hardcore com groove e um metal noventista, resultando num som irresistível que explora o introspecto humano e as dualidades internas.

Neverland in Ashes – Echoes

Um dos melhores nomes do metal moderno atual, o Neverland in Ashes quebrou tudo em novembro com o lançamento de Echoes. O trabalho reúne seis faixas ao todo que sintetizam toda a atmosfera revolucionária e storytelling construídos desde Leech, o primeiro single, lançado em 2021. Junto à obra, uma série de clipes que se conectam foram lançados pouco a pouco, consolidando o EP como um dos melhores e mais bem trabalhados do ano.

Anberlin – Silverline

Celebrando duas décadas de história, o Anberlin presenteou os fãs em 2022 com o lançamento do EP Silverline, que já entrega uma experiência visual em sua arte de capa. Ao dar o play, é possível ser agraciado por uma série de novidades, iluminando o novo caminho que o grupo deseja seguir. Embora estejam testando novas técnicas e novos conceitos, a banda se faz presente sem estar datada e demarca o território do alternativo.

High Wind – Windwvker

Diretamente de Phoenix, o High Wind surgiu de uma mistura relacionada ao blessthefall, visto que sua formação consiste em Jared Warth (baixo e gutural) e Elliott Gruenberg (guitarra e backing vocal), que agora unem-se com o atual baterista de turnê da banda, Conor White e o produtor Ryan Daminson (com um currículo de respeito que inclui The Word Alive e Memphis May Fire) para formar o quarteto de post-hardcore. Digno de se ouvir com carinho e atenção, Windwvker é um EP rápido e repleto de novidade, explosivo e curioso, que pode aquecer os corações dos fãs que sentem falta da banda do Arizona.

LABRADOR – Canções Simples

Projeto solo de Theo Ladany, LABRADOR lançou em novembro o seu EP de estreia Canções Simples, com faixas que passam por diferentes vertentes do rock e uma pequena dose influente de bossa nova. São três canções que se encaixam uma na outra e exploram o íntimo e o introspecto do sentir humano, sendo duas em português e a última em inglês.

measyou – Everything I Lost 🙁

measyou entrega um trabalho impecável de ponta a ponta com o EP Everything I Lost 🙁, um trabalho que marca oficialmente a sua despedida das músicas cantadas em inglês. Atmosférico e conceitual, o projeto de Lucas Mateus chega para trazer a definição de “músicas emo” para um novo patamar, entregando ainda um feat de qualidade com Renan Passos da Emmercia.

Loveless – End of an era

Prontos para iniciar uma nova fase, o duo Loveless também propôs em End of an era um divisor de águas em sua carreira. Após estourar no TikTok com o cover de Running Up That Hill (A Deal With God), a banda traz em seu trabalho uma união de releituras que fizeram sucesso na internet com músicas originais, entregando um EP de qualidade e refrões capazes de grudar na mente.

Spiritbox – Rotoscope

Após lançar um dos melhores álbuns de 2021, o Spiritbox dividiu, de surpresa Rotoscope com os fãs em junho. São três faixas que brincam com o eletrônico, a modernidade e o peso já familiar da banda de Vancouver, marcando ainda o primeiro trabalho com a nova formação. Explosivo e conceitual, o EP mostra que o (agora) trio é um dos mais fortes nomes do metal alternativo atual.

Anônimos Anônimos – Baita Astral

Com uma sonoridade calcada no punk rock, temas cotidianos e um humor ácido e questionador, o Anônimos Anônimos mostra que chegou para se destacar no EP Baita Astral. Mesmo com suas principais influências no punk rock, a banda abre espaço para expandir e deixar seu som ainda mais amplo e representando bem o selo da Repetente Records na cena do rock nacional.

Foreign Hands – Bleed the Dream

Um trabalho rápido, surpreendente e explosivo. A Foreign Hands é uma banda de Delaware que conseguiu espaço em algumas playlists editoriais do Spotify, mas conseguiu a merecida atenção com o EP Bleed the Dream. Apaixonante e com letras fortes, o trabalho viaja com equilíbrio entre vocais limpos e versos berrados, entregando um metalcore de altíssima qualidade.

Tigers Jaw – Old Clothes

Depois de flertar com o indie em I Won’t Care How You Remember Me, em 2021, o Tigers Jaw dá uma olhadinha para o início da carreira com muito carinho no EP Old Clothes, com quatro faixas. Usando e abusando das teclas do piano e acordes de guitarra, a banda trabalhou as músicas durante as gravações do álbum lançado no ano passado, mas que acabaram ficando de lado na hora de decidir a tracklist principal.

menores atos – Lúmen

Prestes a comemorarem os cinco anos de Lapso, o menores atos marcou 2022 com o excelente EP Lúmen, com cada faixa sendo liberada num espaço de tempo significativo para o trio do Rio de Janeiro. O trabalho chega para marcar a mudança da banda carioca para a fria correria das terras paulistanas, tudo isso traduzido em letras metafóricas em faixas como Breu e Aquário.

Nightlife – Fallback

Surpreendendo mais uma vez, os meninos da nightlife entregam no impecável fallback uma irresistível mistura de post-hardcore, dance rock e pop em sua sonoridade, com o frontman Hansel Romero utilizando toda a sua habilidade vocal no R&B para fechar o EP como uma cereja no bolo. Consolidando o que eles mesmos chamam de “soul punk”, o trio independente de Baltimore segue energético e divertido, nos deixando ainda mais ansiosos para seus próximos passos.