Âncora retorna com sonoridades amadurecidas e novos conceitos em Neblina
Pouco mais de um ano após o lançamento do EP “acústico em casa”, banda volta com muitos planos futuros e não mais limitados pelas restrições da pandemia
Texto por Julia Santiago
Criada há dez anos por adolescentes em época de escola, a banda carioca Âncora marca o seu retorno definitivo com o lançamento do novo single Neblina. Mais maduros do que nunca, os dez anos de banda provaram que nem mesmo a distância e os imprevistos são capazes de mudar a essência do grupo.
Com a recente saída de Macário (baixista) e a mudança de Feelz (vocalista) do Rio de Janeiro para Curitiba, os integrantes precisaram se adaptar para seguir com a banda. “Foi mais triste pra gente perdê-lo [Macário] como amigo, como parceiro, mas na produção em si não atrapalhou tanto porque a gente tem um processo muito específico de produção”, afirmou Johnny, guitarrista do grupo, em entrevista ao Downstage.
Com uma década inteira de experiência, a confiança entre os membros da Âncora é o que os mantêm. “Fica até fácil trabalhar e criar quando a gente já sabe como é o gosto do outro. Por mais que o Felipe esteja longe, a gente já sabe como ele é, como se ele estivesse aqui”, explicou Marcos, baterista Marcos, Johnny, Felipe e Matheus, que estão na banda desde o começo, cresceram juntos ao longo do tempo e criaram um laço de família entre si. “São dez anos que a gente se conhece, dez anos que a gente confia muito no outro, tipo uma família. A gente conhece o pai um do outro, a trajetória de cada um”, completou Marcos.
Com lançamento previsto para 25 de novembro, Neblina foi produzido completamente à distância, mas as gravações do videoclipe marcaram o primeiro reencontro profissional da banda em dois anos. “É lindo a gente voltar a se encontrar pra tocar. Se for colocar na ponta do lápis, tem uns dois anos que a gente não tocava junto”, relembra o guitarrista. “Não é a mesma coisa, mas é um sentimento bem parecido com quando a gente estava junto. Gravando, a gente viu que parece que não mudou nada, que o tempo não passou quando a gente está junto, sabe? Foi muito bom, muito gostoso estar todo mundo junto de novo”. Ele também ressalta a participação ativa da banda por trás dos conceitos do videoclipe, fortemente inspirado em Joji e Bad Omens.
“Eu acho que foi um laboratório pra gente né? Tanto de composição à distância, quanto pra ver se realmente era viável a gente gravar um clipe. Neblina, pra gente, é um recomeço nosso”, revelou Marcos, baterista da Âncora. Inicialmente idealizado por Feelz, o single recebeu ajustes por partes dos outros integrantes, que não pouparam experimentações.
Apesar de manter a sonoridade familiar da banda, a canção traz alguns elementos completamente novos, fugindo um pouco do que o quarteto já estava acostumado, mas ainda mantendo a identidade da banda. “A gente achou um ponto em que nos entendemos na forma como a gente faz música e estamos cada vez tentando deixar isso um pouco mais alternativo e aperfeiçoado. A gente achou um jeito de fazer música e estamos tentando levar isso pra frente”, completou.
ÂNCORA E O AMADURECIMENTO
A independência que surgiu ao longo dos anos também mostrou-se uma grande aliada da banda carioca. “Antes a gente era um bando de adolescentes que não tinham muita condição. Hoje em dia cada um tem um pouco mais de recurso, seja habilidade, seja na parte financeira, e independência no geral”, revela Marcos.
O amadurecimento ao longo do anos se reflete tanto na sonoridade dos novos projetos, que abrem maiores brechas para a criatividade e individualidade de cada um dos integrantes, como também no rumo a ser tomado pelo quarteto, que, sem a experiência prévia – tanto pessoal como em grupo – as mudanças ocorridas teriam outro efeito na banda.
“Eu, Felipe e Marcos temos um certo conhecimento de pré-mixagem, de gravação, desses programas de edição. Se a gente não tivesse, não teria condição de fazer isso acontecer de fato”, completou Johnny.
“É algo muito mais maduro em todos os sentidos do trabalho. Agora a gente sabe mais ou menos o que a gente quer, que queremos coisas novas. Estamos realmente nos abrindo para novas experiências, novas sonoridades e novos elementos, novos instrumentos, enfim. Eu acho que o momento é de experimentação”, afirmou Johnny. “A gente quer focar em produção mesmo, lançamento e fortalecer um pouco a base de de pessoal, de ouvintes e nas plataformas”, contou o guitarrista.
O novo momento de amadurecimento também trouxe novas metas para Âncora, que revela querer focar nos próximos projetos e em melhores oportunidades de shows. Ao contrário de como era há alguns anos atrás, quando faziam até dois shows por fim de semana e estavam satisfeitos com todas as oportunidades, a banda agora procura avaliar melhor as propostas e aumentar a presença nas redes sociais, visando alcançar um novo público.
PRÓXIMOS PASSOS
Os futuros shows, ainda sem previsão de ocorrer, prometem uma experiência mais complexa em relação aos anteriores. “A gente quer entregar o melhor show que a gente puder, tendo muito preparo não só na música em si, mas também trazendo outros elementos visuais, iluminação, queremos fazer algo bem legal”, explica Marcos.