Rivokill fala sobre conflitos pessoais em Inércia, seu álbum de estreia

Lançando seu primeiro trabalho, a Rivokill vem em busca do seu lugar na cena underground nacional

Arte: Inaê Brandão / Downstage

Formada em 2018, em Imbituba, Santa Catarina, a Rivokill se joga sem medo na cena underground brasileira. A banda, que começou como um projeto cover de The Offspring, deixou a vontade de fazer um som autoral falar mais alto e colocou no mundo seu primeiro trabalho, o álbum Inércia.

Mesmo sendo uma banda nova, alguns integrantes já tinham uma certa bagagem, tocando em outros projetos anteriormente, como é o caso do baterista Vini Ferreira e da vocalista Lenita Cardoso. Mesmo com a dificuldade de fazer música autoral em uma região onde as casas de shows dão preferências para as bandas covers, Vini e Lenita, junto a guitarrista Andreza Castro e a baixista Ana Falchetti, não se deixaram intimidar e acreditaram na sinergia presente no projeto.

(Foto: Laís Latrônico Alvarenga)

A pandemia acabou mudando o rumo da Rivokill, que já tinha em mente a ideia de produzir um som autoral, mas com o período de isolamento social acabou deixando essa vontade aflorar e se tornar uma realidade antes do previsto. O processo de produção seguiu o modelo que se tornou “padrão” durante o período de pandemia. “Eu comecei a compor as letras também, a gente foi trabalhando em casa né, gravando tudo em casa. Então foi um processo bem lento, porque a gente fez tudo sozinho, tudo no underground, até a gente chegar onde está agora”, comenta a vocalista Lenita.

Mesmo tocando covers de Offspring no início, a Rivokill não se limitou a influência do punk rock californiano e trouxe também referências brasileiras para sua sonoridade. “A gente tende a pegar mais bandas novas brasileiras, tipo Rancore e Menores Atos, Pitty. Várias bandas que a gente gosta muito e queria meio que homenagear com esse novo cd”, conta o baterista Vini, sobre as principais influências.

Em Inércia, a Rivokill aborda temas que conversam diretamente com os conflitos pessoais aflorados durante o período de isolamento. As letras que falam sobre crise de identidade, ansiedade e relacionamentos, além de se conectarem com a realidade do ouvinte, também ajudaram os próprios membros da banda no processo de composição. “As letras elas são um misto de sentimentos sobre a pandemia e isolamento e tal, mas também, elas tem bastante pensamentos que a gente vem carregando no dia a dia. Mesmo fora da pandemia, são coisas que a gente vê muito, são muito da nossa pele”, explica Lenita.

Cada música tem um pouco da pandemia, mas também fala muito sobre o dia a dia, o que faz com que o ouvinte consiga criar uma identificação natural com as canções. Inércia é uma realização para a Rivokill, que vem de um circuito de bandas covers e que finalmente teve a oportunidade de fazer um som pensado para agradar não só o público, mas a própria banda também. O álbum que conta com 8 faixas mostra o potencial da Rivokill, que mostra sua personalidade ao longo do trabalho e reverência suas influências. Com um instrumental simples, porém coeso, a banda traz uma sonoridade bem acessível e receptiva, com destaque para os vocais de Lenita. Faixas como Contradição, Inércia, Extinto e Submerso são alguns dos destaques do disco.

Com Inércia, a Rivokill mostra seu potencial e coloca seu nome no cenário underground. Cientes das dificuldades em fazer música independente no Brasil, a banda tem boas expectativas para 2022 e se sente realizada com o lançamento de seu primeiro trabalho autoral. “Agora é fazer o máximo para que chegue em mais gente possível, é a nossa missão para 2022”, afirma Lenita. Com a volta dos shows, a banda se mostra animada em divulgar o álbum no formato ao vivo e planeja explorar ao máximo o trabalho antes de compor novas canções.