O punk rock é um gênero em constante renovação. Cada geração conta com uma safra de bandas que coloca o estilo novamente em evidência e mostra como o punk é necessário em nossas vidas e principalmente para contestar a sociedade atual. O IDLES é um dos nomes que mais se destaca dentro do cenário punk rock/post-punk atual.

Formada em 2009, em Bristol, Inglaterra, a banda é composta pelo vocalista Joe Talbot, o baixista Adam Devonshire, o guitarrista Mark Bowen, o baterista Jon Beavis e o guitarrista Lee Kiernan. O IDLES conquistou a atenção da mídia logo em eu álbum de estreia, o excelente Brutalism (2017), que já apresenta a personalidade marcante do grupo.

Ao lado de nomes como Shame, Fontaines D.C. e Viagra Boys, o IDLES se consolidou como um dos principais nomes da cena punk atual, impressionando a mídia e os fãs com seus lançamentos e suas performances ao vivo.

Brutalism já apresentava as principais características do IDLES, com altas doses de sarcasmo, críticas sociais, raiva e muita atitude. Existe uma tensão em algumas músicas do álbum que tornam as faixas desconfortáveis para quem está ouvindo, como se algo estivesse prestes a explodir, colocando o ouvinte em estado de alerta, mas totalmente despreparado para a porrada sonora que o disco entrega em vários momentos.

Com uma estreia incendiante, a expectativa para o segundo trabalho da banda era alta. Em Joy as an Act of Resistance, o IDLES mostra que não é uma banda que vai cair facilmente no esquecimento. Considerado um dos grandes lançamentos de 2018, o álbum é o trabalho mais coeso e completo na discografia do grupo.

Agressivo e sincero, Joy as an Act of Resistance vem acompanhado de mais um período delicado e difícil na vida do vocalista Joe Talbot. Se no período de composição de Brutalism Talbot perdeu sua mãe, no decorrer da criação do segundo disco o músico perdeu sua filha durante o nascimento.

É impressionante como a banda consegue colocar em suas canções uma dose absurda de energia, tornando as apresentações ao vivo algo extremamente intenso e contagiante. Em 2020, Ultra Mono, seu terceiro trabalho, ganha vida.

O álbum ainda contém a revolta e as críticas ácidas presentes em seus antecessores, mas a sonoridade dos britânicos sofre mudanças perceptíveis aqui. O post-punk é mais presente em Ultra Mono e elementos mais modernos são incorporados nas músicas. É claro que o IDLES fez tudo isso sem se perder e manteve sua personalidade e identidade musical.

Apesar de ser um bom disco, Ultra Mono não agradou a todos, principalmente por ser o sucessor do irretocável Joy as an Act of Resistance. Mas não deixa de ser um trabalho extremamente competente de um dos nomes mais relevantes e agitadores dos últimos anos.

Em 2021 a banda lançou seu mais novo registro de inéditas, o brilhante CRAWLER. Transcendendo o punk rock feito nas obras passadas, o IDLES consegue explorar novas possibilidades e experimentações, tudo isso sem perder sua raiva e sua sonoridade visceral.

O IDLES continua tratando de temas importantes como masculinidade tóxica, saúde mental, capitalismo entre outros. Depois da leve “patinada” com Ultra Mono, a banda lança mais um trabalho primoroso e segue mantendo uma discografia de respeito.

É seguro dizer que o IDLES é um dos nomes mais interessantes, necessários, energéticos e sinceros da atualidade. Lançando trabalhos com uma qualidade acima da média e com uma presença de palco fora do comum, a banda segue em ascenção e dando uma aula de punk rock sem medo de experimentar ou se prender a rótulos. O IDLES é um dos nomes confirmados para a edição de 2022 do Lollapalooza e promete entregar um dos shows mais explosivos do festival.