A explosão de Super American e o existencialismo de SUP

Banda agarra-se ao pop punk em último disco de estúdio

Capa: Wax Bodega

O primeiro álbum da banda Super American, em 2017, apresentou sua versão do pop rock dos anos 2000; O segundo álbum, de 2018, viu a banda muito mais suave e melódica num indie pop único e de tocar qualquer coração. A grande e ótima surpresa veio no formato de SUP (2021), o terceiro e mais novo disco da banda, onde se reinventaram e se agarraram às raízes emo e pop punk, escorrendo pessimismo e autodepreciação como os grandes clássicos.

(Foto: Kay Dargen)

Em sua descrição no Spotify, a banda define o álbum como uma documentação da vida contemporânea ocidental, onde se perguntam: a vida é um milagre, por que nos sentimos uma merda e tão assustados o tempo todo? E, no decorrer do disco, não espere por respostas, mas tentativas de esperança e muito conteúdo pra se identificar.

A banda mudou de formação ao longo dos anos, com exceção da dupla Matt Cox e Patrick Feeley que dividem os vocais à lá blink-182 nos primeiros momentos, e desde a primeira faixa já se percebe essa pesada influência. E falando em primeira faixa, Free Bird é curtinha, mas muito enérgica e já familiariza o ouvinte com temas de saúde mental e como diferentes pontos de vista podem afastar ou aproximar as pessoas.

A terceira faixa, RIP Jeff, é um dos carros chefes do disco. Nela, inovam não só no som, mas também no tema e na abordagem: Jeff é a personificação do ego do vocalista, com quem trata na segunda pessoa e faz diretamente uma série de lamentações, trazendo um nível de humor inesperado para uma música que poderia ser apenas deprimente. Mas, com as influências de nu metal, essa faixa rítmica fala sobre a proximidade da morte e o uso do álcool como mecanismo de cooperação e continua divertida.

A faixa de número cinco, Relax and float downstream, tem apenas 1 minuto e 43 segundos de duração e consegue condensar todos os questionamentos e ansiedades de um jovem nesse tempo. Com mais do som clássico dos anos 2000 na cena pop punk, transiciona perfeitamente pra próxima música, que continua com a composição no estilo fluxo de consciência e instrumental carregado.

Greetings dá as boas-vindas mais pessimistas para a vida adulta: “Alma vazia, dinheiro é inútil” e não tem um jeito mais pop punk de se apresentar a instabilidade de envelhecer. A faixa começa com riffs simpáticos e atinge tom mais agressivos no refrão.

A penúltima faixa é intitulada Hot Dog e já existe no catálogo não oficial da banda desde 2018. É uma divertida canção sobre amar alguém como se ama um cachorro-quente, e afinal, quem não gostaria de receber uma serenata assim?

A última música parece ser a preferida dos fãs de acordo com o número de streams no Spotify, e não é à toa. How big is your brain? Dá uns passos pra trás no ritmo frenético do álbum, inicia com uma guitarra doce e suave e logo aparece a bateria, seguindo a melodia quase como uma terceira voz. Sobre relacionamentos, os vocalistas relatam o que poderia ser o início de qualquer relação, nos estágios em que se preocupa em conhecer e confiar num outro alguém.

Como um todo, SUP é cheio de crises existenciais, riffs fervorosos e a dualidade de vocais em tons complementares com o maior gosto de nostalgia com tempero refrescante de amadurecimento e autopercepção. É um enorme passo a frente dos outros itens na discografia do grupo e um rumo que tem tudo pra ser longo e duradouro.

Para fãs de: Youth Fountain, Future Teens e Mom Jeans.