The Hope List: Novos Vocais e a mesma grandeza de Lonely The Brave
Disco chega após um período turbulento marcado pelo isolamento social e saída do frontman
Em meio a uma pandemia, o vocalista encontra-se numa realidade de movimentos contra e a favor da obrigatoriedade das vacinas e do uso de máscaras e reflete sobre seu papel nesse novo cotidiano e sobre seu espaço nas redes sociais, é assim que vai tomando forma The Hope List.
Ativa desde 2008, a banda britânica Lonely The Brave teve que se redescobrir após a saída do frontman Dave Jakes e a integração do vocalista e produtor Jack Bennett coincidiu com a turbulenta realidade de distanciamento social e lockdowns. Depois de quase dois anos, é liberado o primeiro projeto da banda com a nova formação e o resultado faz valer a espera: Entre Foo Fighters e Biffy Clyro, as 10 faixas e 1 interlude são do mais saboroso Stadium Rock com vocais rasgando e destruindo corações do começo ao fim.
A faixa de abertura do disco foi também o primeiro single e material inédito depois de 4 anos. Bound começa suave e vai progressivamente se tornando um hino poderoso sobre a popularização do veganismo, mas mesmo sem contexto, é de arrepiar com o ritmo crescendo até culminar no explosivo último refrão.
A segunda faixa segue o mesmo rock melódico e os vocais na medida certa de agressividade, cheia de emoção, mas ainda extremamente acessível. A terceira faixa é Bright Eyes, que pede mais um momento pra ressaltar a potencialidade do vocalista, tanto nos vocais como na letra que traz à tona uma realidade cheia de conflitos e questiona: o que vale a pena ser dito? Inspirado especificamente por questionamentos sobre sua opinião nas redes sociais, Jack reflete se está em posição de se abster quando o problema não o afeta, chegando à conclusão de que será crucificado independente da escolha.
A faixa que dá nome ao álbum só traz a produção necessária e toda a melancolia de quem tenta manter as esperanças em momentos difíceis, ainda com a realidade batendo na porta, lamenta: “it’s not my view, then shame on you” em tradução livre, não é minha visão, deveria se sentir humilhado.
Keeper foi a primeira música do disco a ser finalizada e é facilmente uma das melhores, provando que um refrão simplista e melódico é perfeito se bem construído. Something I Said também se destaca entre a setlist, voltando a tratar sobre comunicação online e como é fácil ser mal interpretado, enquanto o instrumental é frenético e agridoce pra acompanhar.
Chegando ao fim do disco, a penúltima faixa, Your Heavy Heart, parece questionar outros movimentos sociais e como esperamos algo grandioso para tomar atitudes e querer mudanças, como uma sociedade. O que é preciso pra ter uma reação?
E a conclusão é que a internet faz mais mal do que bem aos movimentos sociais, de acordo com The Harrow, a última e uma das mais fortes faixas de The Hope List. É a cereja no bolo sobre o assunto que percorre o projeto, se são trazidas as perguntas de qual nosso papel diante grandes movimentos e qual a consequência da globalização das redes sociais, bom, a banda traz aqui as respostas. Sendo todas as faixas escritas primeiramente na parte instrumental e depois tendo os vocais adicionados, é imprescindível escutar com atenção o que as guitarras têm a dizer.
Lonely The Brave é do tipo de grupo que escreve pensando em como as músicas serão traduzidas ao vivo e a nossa esperança é que sejam tocadas muito em breve.
Para fãs de: DON BROCO, Twin Atlantic e Fort Hope