Normandie eleva a dose de serotonina em Dopamine

Quarto álbum de estúdio do trio sueco mergulha em uma temática conceitual e ficcional sobre um futuro nem tão distante assim

Capa: Easy Life Records

Em Dopamine, o trio sueco do Normandie nos convida a mergulhar em um futuro distópico e ficcional, onde a busca incessante por estímulos – seja através do amor, telas, redes sociais ou drogas – deixou nossos neurotransmissores esgotados e nossa tolerância a tais sentimentos extremamente alta. Em um mundo onde a felicidade precisa ser clinicamente fornecida, a banda explora temas como romance, dependência e a busca por significado em meio a uma realidade (nem tão) artificial.

Foto: Jacob Papinniemi

O quarto álbum de estúdio do Normandie marca uma virada de chave na carreira da banda e uma quebra com seus trabalhos anteriores, principalmente com o último álbum Dark & Beautiful Secrets, que era totalmente focado nas experiências pessoais do vocalista Philip Strand. Dopamine é uma obra mais conceitual e até mesmo ambiciosa, com uma sonoridade que explora cada vez mais elementos da música eletrônica e do pop, mas sem perder as suas raízes do metalcore e post-harcore, que marcaram o início da sonoridade do grupo.

A JORNADA

A primeira faixa, Overdrive, é responsável por ambientar o ouvinte no universo criado pela banda, com riffs de guitarras eletrizantes e elementos eletrônicos, além dos vocais de Philip Strand a plenos pulmões. E para deixar tudo ainda mais animado, temos a sequência de Serotonin, Flowers For The Grave e Blood In The Water, músicas que te convidam a dançar e refletir ao mesmo tempo, com letras mais profundas e melodias que te fazem querer pular do sofá. 

Em Ritual, a banda muda o ritmo e nos leva a uma reflexão sobre o amor e a busca pela eternidade. A orquestra no final da música dá um toque especial e mostra como todos os detalhes foram pensados de forma minuciosa para tocar no âmago de quem está acompanhando. Já Butterflies pode ser considerada um ponto baixo para alguns, mas ainda assim consegue cativar com seu refrão. 

Se tem algo que o Normandie sabe fazer, e faz com maestria, são refrões chicletes para ficar o dia inteiro com as músicas na cabeça.

Colorblind e Hourglass, com seus elementos de metalcore, agradam os fãs da sonoridade mais antiga do Normandie — essa segunda, por sinal, conta com a primeira participação especial numa faixa em toda a carreira do Normandie. E quem pegou a responsabilidade de dividir os vocais com Philip Strand foi ninguém menos que Dani Winter-Bates, vocalista do Bury Tomorrow.

Foto: Sebastian Strand

A versatilidade do trio sueco se destaca em cada faixa. A bateria potente de Anton Frazon, os riffs marcantes de Hawkan e a voz poderosa de Philip Strand são o match perfeito para criar uma experiência sonora que só o Normandie consegue criar.

A jornada, por fim, termina com a sequência Sorry, All In My Head e Glue, que trazem um toque de esperança e positividade. As melodias são mais leves e animadas, que encerram o disco de forma primorosa.

O VEREDITO

Foto: Sebastian Strand

Dopamine é um disco coeso, com início, meio e fim. E que ainda assim deixa um gostinho de “quero mais”. É um álbum fácil de escutar, com melodias contagiantes e energia vibrante que te impedem de ficar entediado. As referências pessoais de Philip Strand se fazem presentes, mostrando sua identidade na música eletrônica e no pop, mas sem perder a essência do Normandie.

É um trabalho que demonstra mais da maturidade musical da banda e seu potencial para alçar voos ainda mais altos.

Para fãs de: Hands Like Houses, Holding Absence e Caskets