The Maine volta ao Brasil com novas prioridades de vida, mas o mesmo carinho com o público

Em bate-papo com o Downstage, vocalista John O’Callaghan fala sobre novo álbum e a importância de vir ao país com a banda

Arte: Ana Oliveira / Downstage

Com o legado de quatro passagens pelo Brasil, The Maine finalmente voltou ao país com dois shows em São Paulo. Tendo a sua última vinda marcada por diversos adiamentos e um festival próprio para compensar, a banda retornou à capital paulista após esperadíssimos quatro anos.

Apesar do nome, The Maine foi formada no Arizona, Estados Unidos. A formação atual da banda se deu no próprio ano de surgimento, 2007, quando parte dos integrantes ainda estava no ensino médio. Assim, John O’ Callaghan (vocalista), Pat Kirch (baterista), Garrett Nickelsen (baixista), Kennedy Brock (guitarrista) e Jared Monaco (guitarrista) assinaram com a gravadora Fearless Records e deram início ao primeiro EP de estúdio da banda. 

Foto: Leticia Gil / Downstage

Hoje em dia, The Maine comemora os 16 anos de carreira com uma turnê especial pelos Estados Unidos marcada para os meses de novembro e dezembro, e acaba de lançar seu nono full album no início do mês de agosto, que foi intitulado com o próprio nome da banda.

Em entrevista ao Downstage, John O’ Callaghan contou sobre os futuros planos do quinteto, revelou expectativas para o retorno ao Brasil e refletiu sobre as novas obrigações que agora permeiam a banda.

“Eu estou muito feliz de estar voltando ao Brasil, especialmente porque não vamos há muito tempo. Estamos muito animados só de poder ir e tocar novas músicas para vocês. Amamos a energia do Brasil, então esperamos que vá ser algo muito especial. Vai haver um bom equilíbrio entre as músicas antigas e novas, mas é empolgante quando temos novas faixas para compartilhar com vocês e novas histórias para contar”, disse o vocalista.

Foto: Leticia Gil / Downstage

The Maine, 8123 e paternidade

O álbum mais recente do quinteto, chamado The Maine, foi lançado no dia primeiro de agosto de 2023 (formando a data 8/1/23 no formato americano) em homenagem à label da banda – 8123. 

O significado por trás do número encontra-se no endereço de um estacionamento no Arizona, no qual a banda costumava se encontrar e passar noites em claro, como já citado na música We All Roll Along (2008):

“8123 significa tudo para mim. Me leve de volta para o estacionamento, o sono que lutamos contra e todos os lugares nos quais já fomos pegos. esses lugares sempre serão parte de mim, vocês todos fazem parte de mim”.

Após 15 anos, a paixão pela música e pela vida continua a mesma, mas agora com outras prioridades que são perceptíveis em The Maine. Ao ser questionado sobre o que tornava esse álbum tão especial para merecer ser o autointitulado, John explicou:

“Um dos fatores decisivos foi ter tido a oportunidade de lançar o álbum no dia primeiro de agosto, e a partir disso os astros apenas começaram a se alinhar”, contou o músico. “Soou como uma mistura de tudo o que fizemos até agora, uma boa representação de quem somos musicalmente e onde estamos em nossas vidas”.

Foto: Leticia Gil / Downstage

O vocalista, que recentemente anunciou a chegada de seu segundo filho através das redes sociais, revelou que a paternidade teve grande influência nas letras das músicas. Com todos os integrantes nos seus 30 anos, a família The Maine vem crescendo cada dia mais com casamentos e filhos.

“É diferente estar em uma banda agora que temos filhos. É difícil porque temos que pensar além de nós cinco e balancear a vida pessoal com a vida em turnê. Acho que o mais importante agora é sermos o mais intencionais que pudermos com nosso tempo e garantir que estamos entregando shows, experiências que podem ser sentidas em qualquer lugar”.

“Acho que é um retrato de onde eu estou agora, tendo 35 anos. Eu não sou mais tão louco quanto já fui um dia. Eu ainda amo tocar música e me divertir, mas agora tenho novas responsabilidades, e acho que isso tem muito a ver com estar perdidamente apaixonado e me apaixonar por uma nova pessoa em minha vida”, contou John sobre a recente influência da família em sua vida.

Em relação à sonoridade, o músico conta que almejou fazer algo especial para aqueles que acompanham a banda desde o começo, mas também se preocupou em passar uma primeira impressão coerente com a imagem da banda para aqueles que conhecerão The Maine a partir desse álbum. O intuito era que as faixas soassem como a banda como um todo, e não apenas esse momento específico.

Além disso, o intuito era que o álbum fosse escutado por completo, e não apenas os singles, justamente para que a essência da banda fosse melhor transmitida através das dez faixas – o que, de fato, foi sentido de forma satisfatória por aqueles que já acompanham a banda.

“Quando fazemos um álbum, ainda gostamos muito de criar uma obra completa ao invés de uma única música. Entretanto, seria tolice não entender que a indústria da música está mudando, então devemos estar dispostos a mudar também”, comentou. “Mas entendemos também que algumas pessoas escutam The Maine procurando por uma experiência ao longo das músicas”.

“Temos sorte de ter tantas canções lançadas, pois isso te faz entender que nem todas vão se conectar com cada um que ouvi-la. A maior lição que aprendemos é que só precisa significar algo para nós cinco e, contanto que esse seja o caso, devemos nos sentir confortáveis para lançar para o mundo e deixar as pessoas decidirem se aquela canção significa algo para elas ou não”, explicou o músico sobre o amadurecimento da banda.

Foto: Leticia Gil / Downstage

Amadurecimento da banda e retorno ao Brasil

Tendo sua última visita ao país em 2019, The Maine agora se apresenta com novas responsabilidades, prioridades e, acima de tudo, um novo ar de maturidade que pode ser percebido através das letras e sentido ao longo da conversa com o Downstage.

“Eu não tenho mais vergonha da minha música. Não estou preocupado com me decepcionar como compositor. Se lançamos um trabalho, pode ter certeza de que acreditamos nele”, contou John sobre a relação da banda com os novos lançamentos.

Na última vinda ao país, The Maine teve complicações com a produtora, que adiou as datas marcadas algumas vezes, e compensou com o inesquecível Emo Carnival, festival próprio da banda, e mais duas datas: uma reservada apenas para Meet & Greet – o qual oferecem gratuitamente para uma quantidade limitada de fãs – e outra destinada à apresentação do álbum Pioneer na íntegra, um dos mais amados pelo público.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de mais festivais da banda no Brasil ou shows em outras cidades futuramente, John contou que deseja voltar em breve e se apresentar em mais locais. “Tocar apenas em São Paulo não era exatamente o que nós queríamos, mas foi o jeito que encontramos de voltar para o Brasil o mais rápido possível”, revelou o vocalista.

“Após esses shows e nossa turnê de outono, vamos nos esforçar para voltarmos ao país o mais rápido possível e talvez até mesmo apresentarmos um pouco mais do novo álbum. Pensando de forma egoísta, temos vontade de tocar apenas as novas músicas, mas percebemos que faz um bom tempo desde que nos apresentamos aqui, então vamos tocar as antigas também”, completou.

Foto: Leticia Gil / Downstage

Expectativas para o futuro

Musicalmente, os planos da banda incluem continuar focando em novas obras. “Nosso foco agora é o novo lançamento, mas daqui a um ano a banda terá 17 anos e poderemos aproveitar aniversários e oportunidades para explorar novos trabalhos e compartilhar com vocês”, explicou.

Em um pequeno spoiler do que pode estar por vir, John comentou que a banda está gravando versões acústicas de algumas canções do último álbum e que gostariam de fazer algo semelhante aos últimos trabalhos de Taylor Swift com o álbum Black & White, mas, devido a alguns problemas com os direitos autorais, irão apenas relançar o álbum em vinil.

The Maine chegou ao Brasil no final do mês para duas apresentações em São Paulo, no VIP Station, nos dias 25 e 26 de agosto. Os shows foram sucedidos por uma after party com DJ sets dos integrantes da banda e a presença da festa Também Fui Emo.