Arrows in Action traz equilíbrio sentimental e dançante em álbum de estreia

Banda papeou com o Downstage e revelou detalhes sobre processo criativo, feats e muito mais!

Arte: Tayna Viana / Downstage

Há certa beleza na entrega emocional e criativa de uma banda num trabalho independente. Em atividade desde 2017, o Arrows in Action dividiu com sua base de fãs diversos singles e EPs ao longo da carreira até esperar o momento certo para lançar o tão esperado e sonhado álbum de estreia. O dia enfim chegou, e Built to Last, cujo nome traz referência a constante mudança da vida ter seus impactos amortecidos por uma sólida rede de apoio, viu a luz do dia com surpreendentes 13 faixas e um público consolidado que mal via a hora do trabalho chegar às plataformas digitais.

“É incrível”, revela Victor, vocalista do grupo, em entrevista exclusiva ao Downstage. “Falamos disso há anos, lembro que em 2017, conversando com Jesse, levantamos a possibilidade de um disco. Nós sempre conversávamos sobre e ficávamos tipo, ‘talvez nesse momento’, e nunca parecia certo.”

O trabalho é uma montanha-russa de emoções em sua forma mais sincera. São 13 músicas repletas de sentimentalismo que trazem um irresistível equilíbrio entre a sonoridade enérgica e a melancolia em suas letras. Questionados sobre abordar dois extremos de uma forma tão balanceada, o trio da Flórida revela que o processo criativo é algo completamente natural, e todas as faixas acabam sendo resultado de sua liberdade criativa.

“Nós definitivamente exploramos isso em músicas como The Credits e Put You Through Me”, menciona o vocalista, referindo-se a duas canções com letras bem tristes do trabalho. “Gosto de pensar que o disco é equilibrado, mas também é o nosso jeito de colocar tudo o que sentíamos nele.”

“Tem o fator também de que observamos muitos fãs online e em shows que se identificam com músicas tristes com um instrumental mais feliz. São faixas mais rápidas, porém com letras bem emotivas”, complementou Matthew, o guitarrista do grupo. “E eu não sei exatamente o porquê, mas amamos escrevê-las e tocá-las porque tem algo muito performativo nas camadas que elas possuem. Elas soam felizes, é como se estivesse tudo bem na superfície; mas por baixo dela não está, entende?”

A escolha dos singles

Entre as 13 faixas da tracklist, seis delas foram liberadas antecipadamente como singles desde o ano passado. A primeira que de fato iniciou uma nova Era na carreira do Arrows in Action, já adiantando que viria um álbum completo por aí foi The Credits, icônica parceria com as bandas Loveless e Magnolia Park e um refrão cativante digno de cantarolar por aí.

Apesar disso, tudo o que foi lançado desde Put You Through Me foi incluso no disco. De acordo com Matthew, era uma maneira da banda se manter ativa logo após o lançamento do EP Be More., de 2021. 

Foto: Zach Pigg

“Quando estávamos trabalhando em High, eu acho que sabíamos que íamos fazer um disco”, relembra ele. “Quando começamos a pensar na história para o trabalho, percebemos que essas canções eram partes importantes e necessárias. Hoje somos muito gratos por termos mantido-as no disco.”

Jesse, o baterista do Arrows in Action e também o integrante responsável pelo olhar mais estratégico do grupo, adiciona: “somos uma banda independente. Então precisamos tomar cuidado sobre como utilizamos cada música. Quando lançamos The Credits, sabíamos que era o início da fase de promover o álbum.”

Ele continua, comentando sobre a escolha de liberar seis faixas das 13 inclusas no disco: “Esse foi o maior número de músicas que já antecipamos em um trabalho. Acho que o maior número antes foram três, é engraçado pensar nisso.”

Detalhando que singles como High e Put You Through Me soaram na época como uma transição entre as eras Be More. e Built to Last, Victor também revela sobre o uso das cores na direção artística de cada trabalho. Enquanto o EP lançado em 2021 é vibrante, colorido e bastante iluminado (bem diferente dos trabalhos anteriores, que usavam cores mais escuras e sem tantos contrastes), Built to Last foca no protagonismo de cada uma das cores, colorindo um integrante por vez na arte da capa.

“Nós sempre associamos uma cor com cada lançamento”, revela o vocalista. “Não é como sinestesia ou algo assim, mas ao mesmo tempo é como se você atribuisse uma cor a um álbum, então é isso: aquela cor é a cor para o álbum para todo mundo que ouve.”

“Eu agradeço a atenção aos detalhes em todas as cores diferentes”, comenta ele. “A vida da banda tem sido louca, especialmente tendo lançado tantos EPs menores e finalmente conseguido fazer esse álbum.”

O guitarrista complementa: “Eu realmente acho que as três cores que selecionamos transmitem muito a sensação daquele pôr-do-sol deserto [uma estética que eles optaram por trabalhar no disco], então você quase sabe no que está se metendo antes de dar play.”

Para Victor, por exemplo, cada canção está associada a uma cor. “Algumas músicas de Built to Last são roxas para mim: Beauty in the Fall, Put You Through Me e The Credits são todas roxas para mim. Elas têm a mesma vibe e são bem emotivas. E então temos músicas como Built to Last, Seeing Red, Wide Eye que são sobre colocar o pé no chão, que parecem vermelhas para mim”, explica.

Ele finaliza: “E laranja é mais bombástico, como um grande conjunto de sentimentos. Então Head in the Clouds e Made for This são algumas dessas, que possuem um tom mais ensolarado.”

Os feats em Built to Last

Foto: Zach Pigg

Trazendo grandes nomes em seu primeiro trabalho, Built to Last conta com The Credits, com a participação de Magnolia Park e Loveless, já antecipada em fevereiro. No entanto, o lançamento do disco revelou a incrível parceria com os meninos do The Home Team, na faixa Wide Eyes.

“Para The Credits nós sempre imaginamos um feat e Loveless estava na nossa mente desde sempre. Eles amaram. E então o Magnolia Park acabou entrando na faixa após uma brincadeira do Twitter e criamos essa grandiosa colaboração de três bandas”, explicou Jesse. 

“Para Wide Eyes, nós conhecíamos o The Home Team desde 2019”, revelou ele. “Eu estava ouvindo o álbum deles repetidas vezes e interagi com eles no Twitter, já que estavam procurando bandas para entrar em turnê com eles pela Flórida. Nós nos divertimos muito, fizemos uns cinco shows juntos, e então quando a canção ficou pronta, já sabíamos que queríamos Brian nela.”

O clipe de The Credits

Seguindo na linha de participações, The Credits teve seu videoclipe revelado em fevereiro, com diversas referências a títulos famosos do cinema e da cultura pop. Relembrando a gravação, Matthew abre um sorriso e comenta: “foi incrível!”

“Foram dois dias longos de gravação, mas muito divertidos”, revela. “Precisamos agradecer Doltyn Snedden, que dirigiu o vídeo e a maioria dos nossos outros clipes.”

“Nós sabíamos que seria uma tarefa grande, mas por conta da natureza do projeto, eles ficaram muito animados em fazê-lo porque seria único, divertido e esquisito”, continua ele.

O guitarrista ainda relembra que todas as recriações de cena foram muito reais, como num set de cinema, o que tornou as reações da banda ainda mais reais na hora de gravar. “Na cena que estamos no cinema assistindo aos filmes, nós realmente estamos reagindo!”

“O que eu amo nesse clipe é a sua justaposição. A música é muito triste, então resolvemos ser o mais engraçados que podíamos com ela”, complementou Victor, que ainda adicionou: “Ah, e Matt tem lábios macios, vou só comentar isso!”

“Ah sim, foi um beijo muito bom”, brinca o colega de banda.

O baterista Jesse adiciona: “Eu lembro de sentar com Doltyn e perguntar: ‘o que podemos fazer?’, tipo, ele fez com que tudo acontecesse de uma forma que nós jamais imaginaríamos.”