O sonho que não acabou: os 20 anos da Catch Side

Uma entrevista sobre legado, nostalgia e expectativas para o show comemorativo.

Arte: Ana Oliveira / Downstage

O ano era 2003. A seleção brasileira de futebol acabava de ser pentacampeã do mundo; o Partido dos Trabalhadores chegava à presidência do país pela primeira vez e, na cidade do Rio de Janeiro, se ouviam os primeiros acordes do que viria a se tornar a Catch Side.

Na época de ouro do rock alternativo, embalados por nomes como Fresno, NX Zero e Forfun, os meninos da Catch Side decolavam, alcançando indicações aos Meus Prêmios Nick no ano de 2008 e números impressionantes no Myspace e Orkut – as principais redes sociais da época. 

20 anos depois do pontapé inicial e com algumas idas e vindas ao longo do caminho, Kaká Reis, Bryan Chagas, Diego Santos e Rodrigo Galha anunciaram a reunião da banda para um show comemorativo no Circo Voador – um dos maiores templos da música e cultura carioca. E como não podia ser diferente, conversamos com a banda sobre a história desses últimos 20 anos e as expectativas para o show.

(Foto: Pedro Macedo)

Sobre a importância da Catch Side no começo da vida adulta, Bryan contou: “Entrei na banda naquele momento de transição em que eu saí do colégio pra pensar em faculdade e naquele momento eu não tinha muita certeza ainda do que fazer. Sabia só que queria trabalhar com música. Então acabou que a banda foi minha faculdade. A gente participava dos eventos e eu ficava prestando atenção em tudo.”

Já Rodrigo, que vinha de outras experiências com bandas, apontou a principal diferença da Catch Side. “Quando eu entrei pra Catch Side foi muito bom porque me trouxe uma nova perspectiva em relação a estrutura […] não gastar pra tocar já foi muito foda. Então começar a ganhar algum retorno não só financeiro mas da galera conhecer a gente também. Acho que isso foi uma virada de chave muito foda.”

Ao longo desses 20 anos desde a formação da banda houve algumas despedidas, hiatos e retornos. Sobre isso, Bryan comenta: “Depois da separação em 2010, foi em 2015 que surgiu a ideia de a banda voltar, com o Colombo. E tivemos também uma turnê comemorativa que passou por Rio e São Paulo em 2016 comemorando os 10 anos do O Sonho Não Acabou e que aconteceu uma semana antes de eu casar. Então foi muito especial […] e o Verão na Varanda em 2020 guardo com carinho porque a gente teve a oportunidade de tocar junto antes de tudo parar por conta da pandemia.”

Sobre o álbum Colombo, Kaká comenta: “Foi um disco que a gente fez com muita vontade. Foi o primeiro trabalho que a gente conseguiu mostrar algo mais mais fresco. Em 2008 a gente era muito novo e com o Colombo a gente conseguiu cortar ali um passado e seguir, sabe? […] só que é um disco que a gente não conseguiu tocar ao vivo. A gente fez muito pouca coisa de divulgação porque existiam nossos trabalhos paralelos fora da música”. 

O legado Catch Side

“Eu fui fã de Catch Side, né?! Meu primeiro show com banda foi dividindo palco com Catch Side”, conta Bryan. E completa “A música Perfeição tem um verso que é ‘nunca deixe que te digam que não há uma saída’. E pensar que quem ouviu isso com 19, 20 anos, hoje é advogado, médico, psicólogo, e que aquilo que foi cantado tá batendo na forma como uma pessoa atende outra, recebe outra, serve outra. É aquela coisa de menino, de querer mudar o mundo e entender que de certa forma essa mudança está acontecendo silenciosamente.”

Sobre o show comemorativo, Kaká comenta, “Em 2002 quando a banda começou eu jamais imaginei que a gente ia estar fazendo um show de 20 anos. Jamais imaginei algo parecido com isso.” e Bryan complementa, “É muito louco pra pensar que de alguma forma a gente influenciou ativamente na vida das pessoas e tocar nisso de novo pra mim não é só fazer parte do passado das pessoas mas participar ativamente de um presente, sabe?”.

Rodrigo também celebra o legado construído pelos meninos: “A gente está crescendo e a galera está crescendo junto com a gente. Claro que a gente está um pouquinho mais velho, um pouquinho mais capenga. Mas estamos aí. É muito legal saber que mexemos com a vida de uma galera e que ainda lembram da gente”.

Show comemorativo

Sobre o show comemorativo, Kaká comenta “ A gente tocou muito em várias capitais, fez muitos festivais, muita coisa. Mas acho que a banda merecia, pela história que tem, ter um um show desse no Circo Voador pra falar ‘esse show é o show que a gente vai guardar pra sempre”, sabe? Então acho que assim como outras bandas do Rio já fizeram o show no Circo históricos, como Forfun, Scracho, eu acho que o Catch Side merecia isso também e a recompensa veio”.

O show comemorativo de 20 anos da banda acontece no dia 11 de outubro no Circo Voador, no Rio de Janeiro. Os ingressos estão à venda aqui.