The Used presenteia os fãs com versão Deluxe de Heartwork

Em entrevista exclusiva ao Downstage, o baterista Dan Whitesides fala sobre o processo de composição, participações especiais e outros detalhes sobre o mais recente álbum da banda e sua versão deluxe com 11 faixas ineditas

Arte: Munique Rodrigues / Downstage

O The Used é um dos principais nomes do emo em atividade. Formada em 2001, na cidade de Orem, Utah, a banda ganhou destaque no cenário emo/post-hardcore com seu álbum de estreia, o autointitulado lançado em 2002, e com seu segundo disco, o poderoso In Love and Death (2004), emplacando sucessos como The Taste of Ink, A Box Full of Sharp Objects, Maybe Memories, Take It Away, Let It Bleed entre outros.

Ao longo dos anos, o The Used foi atualizando sua sonoridade e flertando com outros gêneros musicais, principalmente com o rock alternativo, resultando em obras diferenciadas como o álbum The Canyon (2017). Em 2020, o grupo lançou o excelente Heartwork, trazendo essa mistura de elementos musicais que foi ganhando força a cada lançamento, mas também olhando para suas raízes e deixando seu lado emo/post-hardcore aflorar e ganhar mais destaque.

(Foto: Brian Cox)

Um ano depois, o The Used presenteou os fãs com uma versão deluxe de Heartwork, dando vida nova a obra e deixando o disco ainda mais completo. O que já era bom ficou ainda melhor, já que as 11 faixas adicionais apresentam uma qualidade absurda, fazendo de Heartwork um dos melhores trabalhos na discografia da banda. Em entrevista exclusiva ao Downstage, o baterista Dan Whitesides contou como foi o processo de composição do álbum. “O processo criativo foi como, você sabe, nós fomos ao estúdio e Bert tinha ideias que poderíamos usar naquele dia sobre o que ele queria compor. Então começávamos dali e conversávamos se queríamos as músicas com uma sonoridade mais pop ou mais pesada, pensando em como tocá-las ao vivo”, conta o músico.

Com 27 músicas e quase 1 hora e 20 minutos de conteúdo, Heartwork não tem mais nada a esconder, já que nenhuma faixa ficou na gaveta. “Cada uma das faixas teve um trabalho bem complexo por trás, e todas elas são novas, então não tinha nenhuma música guardada”, afirma Dan, sobre o conteúdo extra do disco. A banda não queria segurar nenhuma música e por isso fizeram questão de lança-las logo.

Heartwork Deluxe

O álbum contou com participações especiais bem interessantes e marcantes. Nomes como Mark Hoppus, Jason Aalon Butler, Travis Barker e Caleb Shomo marcaram presença em Heartwork. Dan relembra como essas parcerias aconteceram. “Com Mark nós queríamos escrever uma música com ele, então quando ele chegou nós pensamos ‘por que não colocamos ele para cantar algumas partes da faixa?’”, comenta o músico sobre a participação do baixista e vocalista do Blink-182. Já com o outro membro do Blink foi algo mais natural. “Com o Travis foi natural, chamamos ele para trabalhar conosco e foi legal, eu nunca tinha trabalhado em estúdio com ele antes.”

Outra participação de peso foi na faixa Blow Me, com Jason Aalon Butler. Segundo o baterista, a canção já nasceu pedindo por esse feat. “E então, você sabe, quando surge uma canção como Blow Me, a gente queria a participação do Jason. Nós perguntamos se ele gostaria de cantar conosco e ele respondeu que sim, obviamente a música ficou incrível”, conta o artista.

Procurando por vocais mais agressivos, Dan conta que acabaram optando por Caleb. “Com The Lottery, queríamos alguém que fizesse ótimos berros, bem passionais. Foi quando chegamos em Caleb, pensamos que ele seria uma ótima participação para a música.”

Além das participações emblemáticas, outra coisa que chama a atenção em Heartwork é sua belíssima capa. A arte da capa e a direção de arte do álbum ficou por conta do artista Cam Rackam, e na capa tanto da versão comum quanto da deluxe, é possível ver o coração enforcado que estampou a capa do clássico In Love In Death. A primeira vista, pode parecer uma referência ao álbum de 2004, mas Dan afirma que não é essa a ideia. “É engraçado porque eu sinto que aquele coração representa a gente. Quando você o vê, você sabe que é nosso, seja nesse disco ou no In Love and Death. A gente queria que ele fosse assim.”

O baterista ainda explica o nome do álbum e forte relação da banda com o coração da capa. “O nome Heartwork meio que veio do nosso álbum Artwork porque nós colocamos muito nossos corações nele. Eu não lembro ao certo quem teve a ideia, mas todos nós amamos. Eu poderia colocar aquele coração em qualquer trabalho nosso porque penso que ele é uma grande parte da banda.”

In Love and Death (2004) / Heartwork (2020)

A produção de Heartwork é do grande John Feldmann, guitarrista e vocalista do Goldfinger e um produtor de mão cheia. A banda não trabalhava com John desde o álbum Imaginary Enemy, de 2014. Após tantos anos sem trabalhar com o produtor, Dan comenta como foi entrar em estúdio com John novamente. “Nossa, é algo que sempre evolui. Nunca é a mesma coisa. Meu primeiro álbum trabalhando com Feldmann foi Lies from the Liars, e é algo completamente diferente do que a gente tem hoje, sabe?”, relembra o músico.

“É bem desafiador, mas na melhor maneira possível. Toda vez que eu saio do estúdio após trabalhar com ele, me sinto mais esperto e muito melhor do que quando entrei. John é super rápido, você precisa pensar atenção em todas as ideias que ele tem, então é algo bem proveitoso”, complementa o baterista, sobre as vantagens de trabalhar com John.

(Foto: Ernie Ball)

Com a volta dos shows, o The Used finalmente retornou aos palcos em setembro de 2021 em uma turnê com Coheed and Cambria, Meet me @ the Altar e Carolesdaughter. A volta aos palcos após o período de isolamento foi um mix de sentimentos para a banda. “Eu não sei se o que eu tive foi uma espécie de ataque de pânico, mas eu estava muito ansioso pelos ensaios e assustado ao mesmo tempo. Eu não sei, e não sei porquê. Uma vez que eu estava lá com todo mundo, os ensaios foram maravilhosos. Foi divertido ver todo mundo de novo, e tocar de novo e, enfim, sair em turnê e ver todos aproveitando o show”, relembra o músico.

A experiência foi inesquecível para o The Used, que relembra com carinho das apresentações. “Foram com certeza alguns dos melhores shows que nós já tocamos. Várias pessoas, multidões incríveis, a vibe foi muito boa e estava bem seguro. Ninguém estava permitido entrar no backstage se não fizesse parte da banda ou da produção por conta das medidas de segurança e higiene contra a COVID-19, após dois anos.”

Depois de lançar um álbum excepcional como Heartwork e voltar aos palcos em uma turnê memorável, o The Used afirma que tem grandes planos para 2022. Sem dúvidas os fãs da banda vão ficar ansiosos e empolgados com o que vem por aí. Quando questionado sobre os planos para 2022, Dan Whitesides adianta boas notícias. “Sei que provavelmente estaremos na Austrália em 2022, e possivelmente entraremos em turnê pelos Estados Unidos de novo. Queremos ir para a América do Sul, só precisamos bater agendas. Tem muita coisa acontecendo agora, e possivelmente vamos finalizar mais um álbum. Então tem boas notícias pela frente.”