Hail to the king: O injustiçado álbum do A7X completa sua primeira década!
O álbum que homenageia o heavy metal clássico mas que ainda se mantém atual mostrou-se como um trabalho atemporal!
O Avenged Sevenfold é sem dúvida uma das maiores revelações da música pesada do século XXI. Conquistando milhares de fãs desde sua fundação (que aconteceu em meados de 1999) a banda sempre inovou em seu som de uma forma ou outra fazendo cada álbum ter suas respectivas particularidades, porém com a essência do grupo sempre presente.
Tal reconhecimento e habilidade fez o quinteto ser considerado uma das bandas que compõe o famigerado “New Wave of American Heavy Metal” ao lado de grandes nomes como Slipknot, Lamb Of God e Trivium, e não é pra menos! O A7x já atingiu posições invejáveis em paradas como a Billboard em lançamentos como Nightmare e Hail to the King tendo ambos os álbuns em 1º lugar.
Hail to the King marca o fim de um período negro para a banda, sendo o primeiro álbum sem colaboração alguma do baterista original Jimmy Sullivan, ou como era popularmente conhecido pelos fãs, The ReV, que infelizmente veio a falecer devido a uma overdose no ano de 2009.
Com fortes inspirações de um heavy metal mais oitentista, Hail to the King não agradou a primeira vista os fãs da banda, visto que estes estavam acostumados com um metal mais moderno e não algo que soava como “Daddy rock” aos seus ouvidos.
Porém, aqueles que criticaram este álbum em seu lançamento mal sabiam que estavam diante de um dos maiores tesouros já lançados pelo Avenged Sevenfold.
Curvem-se ao rei!
Conforme citado anteriormente, Hail to the King é uma homenagem as bandas mais clássicas, com uma forte influência do que era lançado nos anos 80 e 90. Johnny Christ, baixista da banda disse em uma entrevista “Sempre estamos ouvindo os clássicos como Led Zeppellin e Black Sabbath, eles são nossos heróis! Analisamos o que faz estas bandas soarem incríveis e tentamos replicar neste nosso trabalho.”
A composição da obra soa muito como algo daquela época. Os riffs, solos e até mesmo a mixagem fazem esta ser uma máquina do tempo lançada em tempos modernos!
A banda tinha muita confiança de que este seria “O” álbum de suas carreiras, em diversas entrevistas é possível ver os membros comentando sobre a grandiosidade do mesmo e de como ele é uma evolução de tudo aquilo que eles haviam lançado até aquele momento.
Infelizmente quando aconteceu o lançamento, diversos críticos acusaram o A7X de plagiar bandas como o Metallica e seu lançamento de 1991 o Black Album devido a sonoridade semelhante. Uma pena, pois muitos nem ao menos tentaram entender qual era a intenção do grupo.
Hail to the King, Baby!
Nos primeiros segundos do álbum, uma chuva cai, uma espécie de sino toca ao fundo, preparando todo o suspense que vem acompanhado de um belo riff, logo a cozinha da banda entra em vigor e uma atmosfera apocalíptica toma conta de tudo. Seu nome é Shepherd of Fire, a faixa que foi lançada como segunda single do disco já chega mostrando a que veio, e para mim, está entre uma das melhores faixas de abertura do Avenged.
Uma faixa poderosa, que já começa com um riff igualmente poderoso é Hail to the King. Esta foi a primeira single deste álbum e serviu para mostrar as pessoas o que elas poderiam esperar dessa nova fase. Tudo encontrado aqui é muito “Heavy Metal”, desde os já citados riffs e principalmente o seu solo virtuoso de autoria do grande Synyster Gates. É uma ótima faixa para levantar uns pesos.
Sendo a faixa mais curta do álbum, Doing Time parece ter saído da trilha sonora de um filme dos anos 90. É uma música divertida, Matt Shadows tem seus vocais muito bem acentuados aqui e como já esperado, um solo no melhor estilo shred vem para esquentar ainda mais o clima.
Uma das maiores faixas do disco, This Means War é essencial não só para os fãs mas também para quem quer conhecer A7x. Com um feeling poderoso ela é capaz de energizar o ouvinte e dar uma sensação de poder. Infelizmente a faixa foi duramente criticada por soar com a clássica Sad but True do Metallica, algo que não é nada ruim, porém This Means War é muito mais do que apenas uma música inspirada pelo gigante do Metal.
“Darkest Lord, your mercy shall I gain.” Frase encontrada no refrão da canção que contém pitadas de instrumentos orquestrais, Requiem é como uma marcha para o fim do mundo! Todo o clima da música é construído de maneira primorosa, onde somos guiados dentre as mais diversas camadas sinfônicas presentes aqui. Uma obra prima sem tamanho.
Deixando o peso um pouco de lado e focando em melodias, somos apresentados a Crimson Day, uma balada verdadeiramente poderosa que possui uma letra excelente cheia de reflexões. Acho incrível a maneira que Synyster Gates trabalhou o solo de guitarra aqui, deixando o mesmo com uma qualidade inigualável.
Um fato interessante é que o tema de céu, inferno, Deus e diabo é encontrado em diversas faixas no decorrer do álbum. Em Heretic isso não foi diferente, com riffs sensacionais e muito marcantes, o ouvinte vai percorrendo um caminho marcado por mensagens reflexivas a respeito do destino do ser humano e a morte. Essa foi a primeira faixa escrita por Matt Shadows, por isso encontramos uma similaridade com álbuns anteriores.
Uma das minhas favoritas não só deste disco mas do A7x em geral, Coming Home é uma verdadeira jornada entre mundos. Aqui acompanhamos um personagem que atravessou os céus, visitou o inferno e está a caminho de seu lar. É incrível como a banda passa um sentimento de jornada na faixa como um todo. Riffs marcantes, um excelente refrão e um solo hipnotizante compõe essa obra prima que deveria ser mais ouvida pelos fãs.
Voltando ao sentimento apocalíptico, Planets é pesada, obscura e contém uma vibe única que destoa um pouco do resto do álbum, pois se comparada com as demais faixas ela é um tanto quanto teatral, e isso é ótimo! É como se a intenção da banda fosse criar um cenário de mundos acabando enquanto Planets toca ao fundo.
Gosto de como a banda veio trabalhando com o álbum até aqui, não temos nenhuma música que nos dá a impressão de que foi composta para preencher uma lacuna vazia, e com a última faixa do álbum não poderia ser diferente. Acid Rain fecha Hail to the King de uma maneira majestosa, é uma faixa única em tudo que ela se propõem, diferente do restante do disco. Os elementos sinfônicos estão mais presentes aqui, temos até uma espécie de marcha do meio para o fim da canção que vem acompanhada de que? Isso mesmo, um belíssimo solo.
Avenged Sevenfold e o morcego… gamer?
Há muitos que não sabem, mas para acompanhar o lançamento do álbum Hail to the King, a banda lançou em parceria com a Subscience Studios o game Hail to the King: Deathbat.
Disponível atualmente apenas para PC, o game é um misto de Ação/Aventura/ RPG com câmera isométrica no maior estilo Diablo onde controlamos Andronikos e durante sua jornada vamos conhecendo a origem do mascote da banda, o Deathbat.
Hail to the King: Deathbat é obviamente um jogo mais voltado para os fãs da banda, o game é recheado de referências a músicas dos mais diversos álbuns e possui uma ótima homenagem a The ReV. A trilha sonora é um show a parte e possui diversos pontos altos, trazendo mais referências a clássicos absolutos como por exemplo Nightmare e Bat Country.
Entretanto, nem só de referências viverá o game. A gameplay e gráficos foram duramente criticados. Alguns dizem que a jogabilidade é repetitiva e um tanto difícil em pontos chave, já os gráficos foram taxados como “sem personalidade” e “preguiçosos”.
De qualquer forma, para aqueles que desejam apenas se descontrair é uma boa pedida (e tem um preço acessível).
Quem prosseguiu com o legado de The ReV?
Para o álbum Nightmare a banda escolheu a dedo o lendário Mike Portnoy para honrar o posto do falecido amigo. Mike Portnoy era uma das maiores inspirações para ReV e um de seus bateristas favoritos, porém, ele não se tornou um integrante fixo do A7x e quem assumiu as baquetas em HTTK foi Arin Ilejay que havia sido baterista da banda Confide alguns anos antes.
Arin ocupou o posto de baterista de 2011 até meados de 2015, onde que, por meio de uma ligação telefônica feita por Synyster Gates, Ilejay foi demitido devido a divergências criativas.
Pouco tempo depois a banda anuncia Brooks Wackerman (ex-Bad Religion) como seu novo membro, finalizando de vez a curta passagem de Arin pelo A7x.
O formidável legado
Mesmo não sendo bem aceito pelos fãs logo em seu lançamento, Hail to the King é um trabalho lembrado com muito carinho e apreço pelos ouvintes atuais da banda.
Suas músicas cheias de técnicas incríveis se tornaram clássicos instantâneos que estão presentes nas setlists de diversos shows ao redor do mundo.
Temos aqui a junção perfeita entre uma homenagem às bandas consagradas e um trabalho com toques atuais, culminando em uma obra atemporal que venceu os preconceitos e com o tempo se solidificou como um dos maiores clássicos modernos!