O grandioso retorno do Chelsea Grin ao Brasil

Conheça um pouco mais da trajetória da lendária banda de Deathcore que retorna ao nosso país para tocar no Oxigênio Festival!

Arte: Tayna Viana / Downstage

Desde que o Black Sabbath resolveu unir as suas influências vindas do rock dos anos 60 com um som mais denso, pesado e obscuro, várias bandas acabaram surgindo devido a criação desse som mais diabólico.

Não é de se estranhar que desde esses primórdios os fãs de Heavy Metal sempre acabaram nomeando bandas que poderiam ser consideradas as maiores de um determinado estilo. Dentro do Thrash Metal temos o lendário Big Four composto por Metallica, Slayer, Anthrax e Megadeth. Já no Heavy Metal tradicional podemos citar o Iron Maiden, Judas Priest, Motorhead e o próprio Black Sabbath.

Conforme as décadas foram passando e os estilos e influências do metal foram evoluindo, algumas bandas e estilos começaram a chamar mais a atenção do público e criar as suas respectivas cenas.

Vimos no início dos anos 2000 o movimento do metalcore tomar mais forma e lançar ótimos artistas que estão em atividade até os dias atuais. Entretanto, aproximadamente na mesma época uma outra cena tomava cada vez mais forma.

Era uma cena mais agressiva se comparada com a de seu irmão mais velho, os vocais limpos tornavam-se raros, passagens muito melódicas idem, e riffs sujos e distorcidos junto de breakdowns eram muito característicos daquele que viria a ser conhecido como Deathcore.

Atualmente este estilo possui uma base bem sólida contando até mesmo com seus próprios subgêneros, porém, algumas bandas sempre serão lembradas não somente como precursoras do gênero mas também aquelas a que o nome Deathcore sempre estará ligado. Os próprios fãs citam nomes como Suicide Silence, Whitechapel, Despised Icon e aquele que iremos falar hoje: Chelsea Grin.

Os primórdios e primeiro EP

No ano de 2007, Alex Koehler (vocal), Austin Marticorena (baixo) e Michael Stafford (guitarra) tiveram a ideia de criar a banda e logo em seguida gravaram o seu primeiro EP, o lendário, sujo e pesado Chelsea Grin (self-titled).

Com este trabalho sendo lançado em 2008, clássicos instantâneos da banda como Crewcabanger, Recreant e Lifeless surgiram. Todo o som cru encontrado neste lançamento dava um ar violento e sanguinolento a experiência do ouvinte, gerando a impressão de que o mesmo está em um filme da franquia Jogos Mortais.

Foto: Brittany Moisa

A capa deste trabalho é um show a parte. Fazendo alusão direta ao método de tortura que deu origem ao nome da banda, encontramos um rosto ensanguentado com cortes até as orelhas e um olhar sem vida. Se a intenção da banda era chocar com essa capa, podemos considerar que o dever foi cumprido.

Alex impressionou com seus vocais desde a primeira faixa deste disco. Com influência direta de bandas de brutal death metal e até mesmo grindcore ele foi capaz de criar uma atmosfera pesada que era muito característica em lançamentos do gênero na época, porém, ao estilo Chelsea Grin.

O mais chocante é que apesar de toda essas técnicas vocais, Alex tinha entre 16 e 17 anos na época de lançamento do EP. Certamente uma potência vocal absurda para alguém nessa faixa de idade.

Com este primeiro lançamento, a banda atingiu certa notoriedade na internet após lançar algumas das canções citadas acima no MySpace (saudades dessa rede, né?).

A recepção do público foi calorosa e estes clamavam por mais músicas dessa até então nova banda, mal sabiam Alex e companhia que o começo de sua jornada estava apenas começando.

O contrato com a grande Artery Recordings e o Desolation of Eden

O sucesso do primeiro EP chamou a atenção de uma gravadora muito conhecida na cena naquela época, a Artery Recordings que rapidamente fechou contrato com a banda no ano de 2009. Com esse contrato, turnês ao lado de bandas como The Agonist (a antiga banda da atual vocalista do Arch Enermy, Alissa White-Gluz) e Attila se tornaram constantes.

Logo em seguida das turnês as gravações do primeiro álbum começaram, esse próximo disco seria batizado como Desolation of Eden.

Este primeiro álbum teve ninguém menos que Tim Lambesis, vocalista da banda de metalcore As I Lay Dying como o produtor.

Foto: Daniel Cardenas

A banda começou a trabalhar arduamente neste disco para lançá-lo o quanto antes, e como resultado final temos um álbum digno de ser chamado de clássico do Deathcore.

Sendo lançado em fevereiro de 2010, encontramos agora um disco com um som mais maduro se comparado ao lançamento anterior. Ao invés de apenas proporem um som pesado e sujo, os membros também mostraram a que vieram. Seus riffs estavam mais marcantes e técnicos, criando atmosferas únicas nas canções encontradas aqui.

O contrato com a Artery Records veio muito a calhar, pois a qualidade da mixagem estava ótima, toda a composição das músicas parecia trabalhar em harmonia, e aproveitando essa melhora na qualidade das gravações, a banda acabou regravando duas faixas do seu primeiro EP, sendo elas Cheyne Stokes e a lendária e absoluta Recreant.

Alcançando cada vez mais espaço na cena, a banda embarcou em mais algumas turnês e começou rapidamente a trabalhar no sucessor de Desolation of Eden, que viria a ser lançado dali há pouco tempo.

My Damnation, Warped Tour e o segundo EP

No ano de 2011, apenas um ano e alguns meses após o lançamento de Desolation of Eden, a banda anunciou seu próximo trabalho, aquele que, na opinião deste que vos escreve, é o melhor disco do Chelsea Grin. Estamos falando do lendário My Damnation.

Apresentando uma evolução gradativa a cada lançamento, este segundo álbum da banda é sem dúvida um dos pontos altos na carreira deles. Aqui as técnicas instrumentais impressionam, a mixagem está ainda melhor, o som está mais pesado e os vocais de Alex não tem comparação, um verdadeiro demônio!

My Damnation é um álbum essencial para todos aqueles que são fãs da música pesada. Pode-se dizer que este disco é o Deathcore em sua essência e, como citado anteriormente, certamente é o Chelsea Grin em seu ápice. Não existem faixas medianas aqui, todas possuem uma qualidade imensurável, destaque para a participação de outra lenda, Phil Bozeman do Whitechapel tem uma participação especial em All Hail the Fallen King, vale a pena dar uma conferida.

Foto: Takoda Photography

Mostrando toda a força com o lançamento deste trabalho, a banda participou da Vans Warped Tour em 2012 e aproveitou essa deixa para divulgar o seu mais novo EP, trabalho este que se chama Evolve.

A banda não descansava! tendo lançado trabalhos em 2010, 2011 e agora 2012 eles estavam sempre brindando os fãs e mostrando todo o empenho em lançar materiais de qualidade.

Evolve acaba se destoando um pouco dos primeiros lançamentos do Chelsea, se antes a banda estava focada em lançar músicas cada vez mais pesadas aqui eles decidiram explorar algumas outras influências.

Dentre esses experimentalismos encontrados em Evolve, podemos citar, acredito eu que, a principal diferença deste se comparada aos outros lançamentos, que foi a adição de alguns outros instrumentos como violinos e sintetizadores, criando uma atmosfera um tanto quanto celestial e diferente.

A banda se aventurou um pouco pelo Deathcore progressivo, criando passagens mais melódicas e virtuosas em algumas faixas contando até com vocais limpos como por exemplo em Lilith, a primeira single deste EP.

Aqui também tivemos o surgimento de um dos maiores clássicos da banda, e acredito que a porta de entrada de muitos para o Chelsea Grin, a melódica e sentimental, Don’ ask Don’t Tell, com seu videoclipe na neve.

Evolve foi um divisor de águas na história da banda, a partir daquele momento eles seguiriam o som proposto neste lançamento. Nessa mesma época, em 2012, tivemos a entrada de Pablos Viveros como baterista, e este novo membro seria a peça chave de grandes mudanças sonoras que estavam por vir.

Novas direções e a saída de Alex Koehler

Entrando de cabeça no experimentalismo e nos sons com certas influências de instrumentos eletrônicos, a banda lançou em 2014 o disco Ashes to Ashes. Este trabalho é descrito pelo vocalista como um álbum mais positivo se comparado aos outros, a banda tratou de temas mais pessoais e introspectivos, como uma maneira de se conectar com seus fãs e ouvintes. Podemos ver todos estes pontos na faixa Clockwork, que possui um videoclipe excelente que nos faz refletir a respeito de como usamos o nosso tempo.

Em faixas como a própria Clockwork e aquela que abre o álbum, Playing with fire, notamos adição de um back vocal, sendo este o próprio baterista Pablos Viveros citado anteriormente. Pablo possui um vocal de apoio muito bom, marcando presença não só nas músicas de estúdio mas também ao vivo.

No ano de 2015 a banda participou de algumas turnês pela América do Norte ao lado de outras bandas de deathcore e metalcore. E como já sabemos até aqui, não demorou muito para que um novo disco fosse anunciado, e no fim do mesmo ano, a single Skin Deep foi lançada.

Nesta mesma época, o vocal de Alex já não era mais tão potente como um dia foi, momentos de desafinação de voz eram mais constantes nos shows, por sorte, Pablo estava lá para segurar as pontas e maquiar um pouco as coisas.

O álbum Self Inflicted foi lançado em 2016, e Alex havia falado em entrevistas que este seria o álbum mais pesado já lançado por eles (que atire a primeira pedra quem nunca caiu nessa).

Foto: Alex Siracusano

Este trabalho em questão não fez tanto barulho quanto lançamentos anteriores, pois aqui não tivemos inovações por parte da banda, infelizmente a Chelsea Grin estava caminhando para um som mais comum e que diversas outras bandas estavam fazendo.

Até que, chegamos no fatídico ano de 2018, que foi deveras conturbado para a banda, pois tivemos o episódio mais marcante da história do grupo, a saída de não somente Alex Koehler mas também de outros membros.

Dan Jones que era guitarrista desde 2009 acabou saindo da banda para se dedicar aos seus estudos na faculdade de medicina. Jake Harmond, também guitarrista, saiu da banda pouco tempo depois devido a conflitos familiares, e por fim, Alex Koehler anuncia sua saída da banda que ele ajudou a criar 11 anos antes, alegando problemas com álcool, drogas e outras questões emocionais, fechando assim, o capítulo mais sombrio na trajetória da banda.

O renascimento da banda e a jornada atual

Com a saída dos membros citados acima, a banda acabou ficando sem nenhum membro original, mas isso não intimidou os membros restantes que trabalharam duro e lançaram ainda em 2018 o primeiro álbum sem Alex no vocais, Eternal Nightmare era o seu nome.

E logo na primeira single lançada, a faixa intitulada Dead Rose, que foi acompanhada de um videoclipe tivemos a revelação daquele que seria o frontman da banda dali em diante: o lendário Tom Barber!

Barber foi o primeiro vocalista da Lorna Shore e tinha muita experiência como tal, logo, mostrou ser a escolha certa para ser o novo vocal.

Em Eternal Nightmare eles voltaram a ser aquela banda sombria e suja que eles costumavam ser no início da década de 10’s, os fãs foram a loucura com o lançamento deste álbum e mostraram-se animados com a chegada de Tom como o novo vocalista, além disso, eles lançaram novos clássicos como Hostage, que instantaneamente virou uma das favoritas dos fãs.

É ótimo ver que mesmo em meio as dificuldades a banda nunca parou de lançar materiais de qualidade, pudemos ver isso em meio a pandemia em 2020, onde tivemos o lançamento das singles Bleeding Sun e Blind Kingse posteriormente, em 2022 o lançamento de um álbum duplo!

Foto: Alex Valentovich

Suffer in Hell é como se fosse uma carta de amor aos fãs mais antigos da banda, os gritos estridentes de Tom Barber remetem aos primeiros lançamentos e toda a atmosfera sombria criada deixa a experiência ainda melhor.

Em Forever Bloom, uma das faixas destaque de Suffer in Hell, temos a participação especial do saudoso Trevor Strnad, que foi vocalista do The Black Dahlia Murder.

A banda aproveitou e fez uma belíssima homenagem a ele, fazendo com que em uma determinada parte do clipe todos os membros se ajoelhassem em respeito ao seu legado.

Como segunda parte do álbum duplo, Suffer in Heaven chegou em 2023 trazendo a mesma sonoridade sombria e caótica de sua primeira parte. Outro prato cheio para os fãs da velha guarda.

Curiosidades

Na primeira formação da banda ela se chamava Ahazia.

Após Alex Koehler deixar a banda e começar a cuidar de seus problemas, ele iniciou uma carreira no trap.

Foto: Yeshua

O nome da banda vem de um método de tortura conhecido como “Chelsea Smile” ou mesmo “Chelsea Grin” que consiste em um corte feito de orelha e orelha, deixando a boca da vítima completamente dilacerada. A banda Bring me the Horizon possui uma faixa chamada Chelsea Smile.

Chelsea Grin no Brasil!

Chelsea Grin é um nome muito forte dentro do cenário Deathcore. Independente dos altos e baixos que a banda passou, eles sempre se mantiveram relevantes e lançando diversos trabalhos.

Com a formação atual a banda continua com seu potencial incrível de construir uma jornada ainda mais sólida dentro da música, influenciando assim gerações futuras de bandas.

Chelsea Grin se apresenta no dia 27 de Agosto no Oxigênio Festival! Aproveite para ir prestigiá-los pois é uma oportunidade única!