10 anos de Hollow Bodies, um clássico essencial do metalcore

Como o quarto álbum dos meninos do Arizona conquistou o pódio da cena e uma legião de fãs

Arte: Inaê Brandão / Downstage

O blessthefall é uma banda estadunidense formada em 2004 em Phoenix no estado do Arizona, originalmente formada por seis integrantes. Sendo eles: Craig Mabbit nos vocais, Andrew Bar no teclado, Miles Bergsma na guitarra solo, Mike Frisby na guitarra base, Jared Wrath no baixo e backing vocals e Matt Traynor na bateria.

No entanto, a banda se consagrou ainda mais com a entrada de Beau Bokan nos vocais, Eric Lambert na guitarra solo e Eliott Gutemberg na guitarra base, sendo basicamente a formação atual com quatro integrantes, incluindo Jared no baixo.

Imagem: Reprodução / Fearless Records

O grupo se via em constante ascensão, desde seu álbum debut His Last Walk em 2007, passando pelo aclamado Witness e finalizando essa trilogia em 2011 com o Awekening, que parecia que não tinha como melhorar e ficar ainda mais grandioso. 

Após diversas turnês para promover seu terceiro álbum, em quatro de outubro de 2012 o grupo havia anunciado que estavam trabalhando em músicas novas.

E em 20 de agosto de 2013, com três singles para sua promoção, nasceu o quarto filho do BTF, o grandioso Hollow Bodies.

 “We won’t fall!“             

Assim como o primeiro livro da bíblia, Exodus abre as portas para uma jornada inesquecível e forte. A faixa abre com sintetizadores crescentes e uma ambientação diferente de tudo que o blessthefall já havia feito e após uma intro calma, entram os vocais rasgados de Jared juntos a um riff mirabolante e estridente.

Toda a jornada pelos versos tensos leva a um refrão sentimental e esperançoso, que demonstra toda técnica vocal de Beau.

Watching your empire fall!”

You Wear A Crown But You’re Not A King, lead single da obra,  mantém o hype altíssimo e a mesma pegada de sua antecessora, seguindo a mesma linha de letra e estrutura e se consagra como uma das melhores faixas do álbum. 

Com um pré-refrão crescente e monumental, que leva o ouvinte a versos sobrecarregados e barrados de forma inesquecível e tensa.

“If you Can’t follow, you die.” 

Hollow Bodies é a segunda faixa de maior sucesso comercial do grupo, ficando atrás apenas de Hey Baby, Here ‘s That Song That You Wanted, música do Witness.

Ela começa com um riff em lo-fi, crescendo juntamente aos vocais rasgados de Jared e traz consigo o refrão que pode ser considerado o mais poderoso e único da história do blessthefall, com um coro adicionando ainda mais poder para a voz de Beau. 

A letra é uma visão da banda de um apocalipse zumbi, e possui referências de filmes como: A noite dos mortos vivos de George A. Romero, contando a história de um grupo de sobreviventes, no qual um dos integrantes foi infectado e seu companheiro precisa tomar a difícil decisão de acabar com sua vida.

A Noite dos Mortos Vivos (Imagem: Continental Distributing)

O reflexo da incerteza sobre a sobrevivência pode ser transposta para diversos sentimentos e situações, é justamente essa genialidade da mescla da cultura pop e sentimentos que destaca grande parte das letras e faixas do BTF.

Isso também é demonstrado na explicação de Eric sobre o nome do álbum. Apesar de ter teorias de fãs, sobre ser de zumbis, jogos como Dark Souls, o significado por trás de Hollow Bodies, são as pessoas que apenas querem sugar suas energias e não estar com você por prazer.

“If It’s a dream, i’ve lost all concept”

Déjà Vu, segundo single lançado para a promoção do álbum, continua diretamente dos mesmos sintetizadores que finalizaram a faixa anterior, e a partir deles se constroem mais uma música inesquecível.

Com destaque para os riffs de guitarra pesadíssimos acompanhados pelos pedais de uma bateria cheia e sonora, que guia o ouvinte por uma música depressiva e cheia de emoção, que fala sobre como as doenças mentais podem afetar um relacionamento. 

Foto: Douglas Sonders

“Can you take me to a better place?”

Essa frase marca a metade de Buried In These Walls, que marca justamente por ser uma faixa calma em meio ao caos. 

Ela serve como um interlúdio, abrindo para a segunda metade do álbum e sendo constituída apenas pela voz limpa e cristalina de Beau, piano e uma guitarra límpida. É uma música linda e apaixonante, que consegue agarrar qualquer pessoa pelos sentimentos de solidão e fazê-la se sentir acolhida e abraçada.

“Sometimes I’d rather lie…” 

See You On The Outside, terceiro single da obra, começa energética, e consegue levantar o astral de qualquer pessoa que não ouse ler sua letra. A faixa destaca muito o piano e mostra parte orquestral de Hollow Bodies com esmero e perfeição.

A letra fala sobre a saudade e sobre como um amor verdadeiro eleva as pessoas a sua melhor persona, e não faz o contrário. Essa ponte de esperança construída pela faixa é firme, e mostra o mais belos campos da compaixão e afeto de uma forma ímpar.

A composição da faixa contou com a ajuda de Vic Fuentes (Pierce de Veil), que auxiliou na parte orquestral e nas letras da música. 

“We’ll all be dead in the end!”

Com participação de Jesse Barnett (Stick to Your Guns) Youngbloods se consagra como a música mais pesada do álbum. 

Recheada de riffs incríveis e um breakdown digno de aplausos, a faixa quebra a vibe de amor e paixão criada pelas duas composições anteriores, e constrói um hype ainda maior para o que vem a seguir.

Standing On The Ashes eleva ainda mais a energia criada por Youngbloods. A soma dos berros do grupo todo nos breakdowns com riffs estridentes muda o conceito de peso dentro de Hollow Bodies.

E novamente, o peso e a agressividade se cessam apenas com os cleans de Beau nos refrões que nunca enjoam. 

blessthefall se apresenta na Warped Tour, 2012 (Imagem: WikiCommons)

Carry On é a junção perfeita de August Burns Red e Blessthefall. Contando com a participação do próprio Jake Luhrs, a faixa soma um instrumental mais técnico e voltado para o metalcore clássico do fim dos anos 90 com refrões tirados diretamente da alma do BTF.

É uma composição perfeita, que pega o melhor de dois mundos distintos e os casam, criando uma sincronia fora de série e de fazer qualquer “corekid” bater cabeça.

The Sound Of Starting Over traz novamente sintetizadores marcantes em seu início, que levam a um instrumental esperançoso e incrível. A partir daí se cria uma faixa que une com sabedoria momentos de superação e de sofrimento, fazendo com que cada palavra soe natural e única. 

É um dos pontos mais altos de Hollow Bodies, tendo apenas um defeito: ser uma das ultimas músicas da obra.

“If your love is just a dream, don’t wake me up.” 

Definitivamente uma das frases mais lindas e sinceras que poderiam existir dentro de alguma composição. Open Water conta com a participação especial de Lights, uma cantora pop que também é casada com Beau Bokan e não tinha como ser outra pessoa dividindo o microfone.

O arrepio começa desde a primeira nota, o amor, a química e o companheirismo são apenas algumas das coisas exaladas por cada palavra cantada, cada corda acertada pela pressão da palheta, cada tecla sendo tocada, tudo.

Faltam palavras para descrever a faixa, a única coisa que é certa é que Open Water é o sentimento amor em formato de música, é o verdadeiro sentimento materializado em ondas sonoras que ecoam pelos ouvidos de quem escuta e ressoa pelos corações daqueles que sentem. 

É a finalização perfeita para o álbum, e mostra a capacidade criativa dos meninos de Phoenix, e deixa a mensagem visitada em See You In The Outside ainda mais clara e demonstrada de forma prática, no amor de Lights e Beau Bokan

Hollow Bodies é e sempre será um álbum completo por toda sua composição e impacto, mas principalmente, por tal mensagem:

“You are the one I waited for, I knew it all along.”