Bury Tomorrow: A pérola mais brilhante do Summer Breeze

Conheça a história da banda britânica que irá se apresentar no segundo dia de festival

Arte: Tayna Viana / Downstage

Quando o assunto é metalcore “raiz” muitos nomes vêm à mente. De Killswitch Engage até As I Lay Dying, a variedade de bandas formadas majoritariamente de riffs insanos, vocais rasgados e solos mirabolantes com harmonias marcantes é gigantesca e poucos se destacam e crescem nos dias atuais.

Mas quando se trata de Bury Tomorrow, é um caso à parte.

The Children Of The Seventh Sun

(Foto: John Gyllhamn)

Sleep Of The Innocents e Portraits

Formada em 2006 em Hampshire na Inglaterra, BT era composto por cinco integrantes: Daniel Winter-Bates no vocal, seu irmão, Davyd Winter-Bates no baixo, Mehdi Vismara na guitarra lead, Jason Cameron na guitarra rítmica e nos vocais limpos e Adam Jackson na bateria.

Em 2007 eles lançaram seu primeiro EP, The Sleep Of The Innocents,  de forma independente, e dois anos depois, já através da gravadora Basick Records, lançaram seu primeiro álbum, Portraits, que já apresentava grande parte de sua identidade sonora vista até hoje.

Desde seus refrões icônicos cantados pela voz grave de Jason até os riffs característicos do metalcore clássico, o álbum consegue surpreender de início ao fim, e já pode ser considerado um grande clássico. Foram lançados dois videoclipes para a obra, sendo um deles de You & I, que chegou a ser transmitido na MTV2 na época.

Após isso, o álbum foi lançado nos Estados Unidos e no Japão pela Artery Records em 2010. No mesmo ano, a banda chegou a fazer turnês com bandas como: Asking Alexandria, Of Mice & Men, Sleeping With Sirens e Pierce The Veil.

The Union Of Crowns

Em 2011, sua gravadora americana começou a pressionar a banda a se mudar para os Estados Unidos, e começou a tentar empurrar, de forma não natural, a adição de mais elementos eletrônicos na sua sonoridade. Com tudo isso, o BT se negou a mudar e seu contrato com a Artery Records foi quebrado, junto com toda sua relação com os EUA e o Japão.

(Foto: John Gyllhamn)

Nesse mesmo ano, a banda se viu em uma posição horrível: sem dinheiro para gravar seu próximo álbum, que já estava escrito, e sem formas de fazer tours fora da Inglaterra.

Com ajuda de seu agente britânico, a banda conseguiu realizar duas apresentações: uma no Slam Dunk Festival e outra no Ghostfest em Leeds. Sua performance nesse último show acabou renovando a energia do grupo, e isso os incentivou a escrever o single Lionheart, que faria parte de seu segundo álbum, lançado em setembro de 2011 juntamente a um videoclipe.

Em outubro, o Bury Tomorrow abriu os shows da banda While She Sleeps e, logo em seguida, começou uma turnê headliner pelo Reino Unido em dezembro.

Dois dias antes de cair na estrada, o grupo liberou o videoclipe de Royal Blood, segundo single de seu próximo álbum.

Em abril de 2012, a banda anuncia que haviam assinado com a Nuclear Blast, confirmando também a arte, a tracklist e a data de lançamento de seu segundo álbum, The Union Of Crowns, que foi lançado em julho daquele mesmo ano. O álbum é surpreendente e cativante, com faixas como Knight Life, An Honourable Reign e Sceptres que conseguem arrepiar qualquer um que escute, e marcam de forma única toda construção em torno do universo melódico de BT.

TUOC atingiu marcos que nem eles mesmos podiam sonhar. O disco debutou em sexto lugar na Rock & Metal Chart no Reino Unido e nos EUA alcançou a 25ª posição no Top Heatseekers, além de ter vendido mais de mil cópias na semana de lançamento.

A banda também chegou a fazer shows com nomes como Architects, The Acacia Strain, I Killed The Prom Queen e Deez Nuts, marcando mais ainda um território gigante dentro da cena do metalcore.

A obra é um grito de revolta contra tudo que havia sido imposto sobre o grupo, e é um recomeço importante, que os prepararam para coisas gigantescas, e um crescimento abismal.

Foto: John Gyllhamn

Runes

No fim de janeiro de 2013, a banda anunciou a saída de Mehdi Vismara e a entrada de Kris Dawson, que permanece até os dias atuais. Em outubro, o grupo foi para os Estados Unidos gravar seu terceiro álbum.

Em Janeiro de 2014, havia saído o anúncio que seu terceiro álbum se chamaria Runes e seria lançado no dia 26 de maio daquele mesmo ano. No mesmo dia, o BT lançou a faixa Watcher, tocada exclusivamente na Radio 1 Rock Show a meia-noite do dia 6 de janeiro, não sendo considerada um single oficial do disco.

A partir daí, o progresso de Runes foi rápido e exponencial. Em fevereiro já estava sendo lançado o videoclipe para o single Man on Fire seguido por Of Glory, lançada em maio, pouco tempo antes do álbum.

Foto: John Gyllhamn

Runes traz tudo que The Union Of Crowns adiantou, porém elevado a quinta potência. Com grande destaque para os riffs ainda mais técnicos trazidos por Kris, grande melhora nos berros de Daniel e um aumento gigantesco na qualidade de produção das faixas.

Fora tudo dito, a banda começou a tomar um rumo muito focado nos vocais limpos e em melodias grandiosas durante seus refrões.

Runes é uma obra perfeita, traz sentimentos indescritíveis, e uma força impecável dentro de cada verso e cada segundo escutado. O álbum suga o ouvinte para um mundo fantasioso e épico, conseguindo extrair o melhor da mistura entre sentimento e a fantasia do mundo de Bury Tomorrow.

Como resultado de uma obra bem feita, Runes atingiu diversos marcos que ninguém poderia imaginar. Chegando em primeiro lugar na UK Rock Chart, em 34° na UK Album chart e garantindo uma turnê de headliner com bandas como Hands Like Houses, Slaves e In Hearts Wake.

Um ano depois, durante sua performance no Slam Dunk North 2015, Bury Tomorrow anunciou que já havia terminado de trabalhar em seu quarto álbum de estúdio, não revelando sua data de lançamento.

Earthbound

Em novembro isso mudou, e foi lançado Earthbound, lead single do álbum de mesmo nome, que sairia em janeiro do ano seguinte. Algumas semanas antes, a banda lançou Last Light, o segundo single, junto a um videoclipe.

O álbum foi produzido pelo vocalista da banda Beartooth, Caleb Shomo, e foi o último lançamento da banda pela Nuclear Blast. A obra atingiu novamente marcos gigantescos, alcançando a marca de 14° na Heatseekers Albums da Billboard nos EUA e segundo na UK Rock & Metal Albums no Reino Unido.

De acordo com Daniel, Earthbound é “tudo que o Bury Tomorrow sempre quis ser e que a obra fecha uma trilogia de álbuns especial dentro da discografia da banda”. O disco contém temas que o grupo sempre quis abordar dentro de suas letras, desde o aquecimento global até problemas socioeconômicos do mundo.

É mais uma obra grandiosa, que embasa o fato da discografia do BT ser vista como uma grande escada. Earthbound tem uma identidade única, e traz energia e poder com cada faixa, não é à toa o grande favoritismo por parte dos fãs a respeito desse álbum.

Black Flame

Em outubro de 2017, a banda deixou a Nuclear Blast e assinou um contrato com a Sony Music e a Music For Nations. Em abril do ano seguinte, foi lançado a música e o videoclipe de Black Flame, lead single do álbum de mesmo nome, programado para ser lançado em julho de 2018.

Antes do lançamento de Black Flame foram lançados os clipes das músicas Knife Of Gold e The Age, respectivamente.

Apesar de uma crítica “mediana” à obra, BF alcançou marcos ainda mais altos que Earthbound.  Chegando novamente em segundo lugar na UK Rock & Metal Albums e subindo para a 13° posição na Heatseekers Albums da Billboard, mostrando que eles estavam a um passo de mostrarem algo inovador para a cena do metalcore.

Cannibal

Durante uma live no Instagram, o guitarrista Jason Cameron anunciou que o próximo projeto do grupo sairia em 2020 e no fim de 2019, o lead single The Grey (VIXI) e seu respectivo videoclipe, foram lançados.

Em janeiro de 2020, o segundo single, Cannibal, do sexto álbum da banda, já estava sendo publicado. A obra sairia em abril, e levaria o mesmo nome da música, mas por conta da pandemia de COVID-19, o lançamento foi postergado para julho a fim de permitir uma melhor campanha de marketing em torno de Cannibal.

Foram lançados mais dois singles para o álbum, Better Below e Gods & Machines respectivamente, e em três de Julho de 2020, Cannibal chegou ao mundo.

O disco foi produzido por Dan Weller, e é uma obra prima. O trabalho fortifica todos os melhores elementos da banda, e traz novos mantendo um perfeito equilíbrio entre ambos, possuindo um enorme destaque nas guitarras. Cada riff de Cannibal  é único e memorável, sendo possível identificar a música pela primeira nota tocada por Kris Dawson.

Os vocais de Dan estão mais pesados do que nunca, variando muito mais entre seus agudos estridentes e seus graves potentes que contrastam perfeitamente com os limpos de Cameron.

O trema de saúde mental e demônios internos se tornou algo muito forte dentro das letras de Cannibal. O próprio vocalista assumiu em entrevistas que foram as letras mais profundas e pessoais que ele já escreveu, e ressaltou o quão importante é cuidar e discutir o assunto.

É uma obra comovente, mas que diverge fãs até hoje, por conta de sua diferença brusca em comparação com Earthbound, por exemplo. Contudo, é definitivamente um dos pontos mais altos da carreira do grupo britânico.

Foto: Esmé Bones

Um ano após o lançamento de Cannibal, Jason Cameron, guitarrista e vocalista, anunciou que estava deixando o Bury Tomorrow. As explicações, no entanto, esclareceram que tudo foi feito de forma amigável.

No Slam Dunk Festival de 2021, a banda se apresentou já com dois novos integrantes, Ed Hartwell na guitarra rítmica e Tom Prendergast nos vocais limpos e teclado.

Death (Ever Colder) e Life (Paradise Denied)

Em Março de 2022, o Bury Tomorrow lançou a música Death (Ever Colder) junto com um videoclipe. A faixa mostrava um novo BT com a entrada de tom, ainda se permaneceram os riffs técnicos e rápidos, os vocais rasgados poderosíssimos e a bateria insana, mas, havia mais maturidade e modernidade no som. O tom mais agudo da voz de Prendergast, junto à adição de mais eletrônicos, demonstrou o que a banda agora era capaz de realizar.

Para completar a dupla de singles, Life (Paradise Denied) foi lançada em junho junto a um videoclipe e ambos foram usados para promover o jogo mobile Diablo Immortal.

The Seventh Sun

Em outubro do mesmo ano, a banda divulgou um single para promover seu mais novo disco, intitulado Abandon Us. The Seventh Sun chegaria em março de 2023, com uma Era 100% pensada em tonalidades de azul escuro.

Fora Abandon us, foram lançados mais três singles para o álbum: Boltcutter, em novembro de 2022, Heretic, com participação especial de Loz Taylor (While She Sleeps), em fevereiro de 2023 e Begin Again, duas semanas antes de The Seventh Sun.

Novamente produzido por Dan Weller, The Seventh Sun é a obra definitiva do Bury Tomorrow. Não tem outra palavra para descrever o sétimo trabalho do grupo: todos os instrumentos se destacam de forma inigualável, há sempre uma quebra de expectativa quando se chega o refrão de cada música, soando melhor sempre do que se é possível imaginar.

É de arrepiar cada pêlo do corpo, corromper cada átomo e fazer cada cabeça que estiver presente bater. As emoções tomam conta de cada nota, cada verso e cada segundo passado dentro do universo do Sétimo Sol.

Bury Tomorrow é a grande pérola do metalcore atual. Com uma discografia impecável, alto amor pelos fãs e uma grande história ainda a ser escrita, é uma questão de tempo até que os meninos de Hampshire conquistem os palcos principais de festivais nos horários finais e consequentemente, o mundo.

Não perca a oportunidade de ve-los no Summer Breeze Open Air Brasil 2023 no dia 30 de abril.