Welfare Jazz inova e coloca Viagra Boys como um nome interessante do post-punk

Banda sueca traz em álbum de 2021 tudo o que funcionou no trabalho inaugural, agora melhor estruturado

Imagem: YEAR0001

O post-punk nasceu com bandas como Joy Division, The Fall, Television e Bauhaus. Após o auge do movimento punk em 1977, o gênero ganhou vida, carregando características do punk rock, porém com uma estética mais sofisticada, introspectiva e experimental, dando origem a álbuns icônicos e influentes como Unknown Pleasures, do Joy Division. O post-punk criou toda uma estética sonora que continua emergindo em inúmeras bandas ao longo dos anos, mantendo o gênero relevante. 

Voltando a ganhar os holofotes da grande mídia, o estilo vem sendo muito bem representado por uma safra de bandas que atualizaram o som sem se desprender de suas origens. Nomes como Fontaines D.C., IDLES, The Murder Capital e o Viagra Boys, colocaram o Post-Punk em evidência novamente de maneira digna e competente. 

Formada em 2015, em Stockholm, na Suécia, o Viagra Boys fez barulho e chamou a atenção dos veículos musicais com seu álbum de estreia, o competente Street Worms (2018). Apresentando uma estética peculiar e fora da caixa, a banda colocou nas ruas seu post-punk torto e dançante, carregado de atitude e letras ácidas. O álbum é bem interessante e já dava um belo spoiler do que estava por vir. 

(Imagem: Reprodução / Spotify)

Lançado em 8 de janeiro de 2021, Welfare Jazz traz de volta tudo o que funcionou no primeiro trabalho da banda, agora potencializado e melhor estruturado. A estética torta e estranha continua presente, soando ainda melhor e mais criativa, tornando a originalidade um dos pontos altos do álbum. Algo que já estava presente em seu antecessor, mas colocado em outro patamar em Welfare Jazz

O disco é excelente, pecando em poucos momentos, que passam despercebidos em meio a tantos acertos. Ain’t Nice abre o trabalho com um post-punk agressivo e ríspido, carregando um humor ácido em sua letra. Um belo começo, que atesta a competência e talento da banda. Cold Play começa com saxofone, o que é um dos grandes diferenciais do Viagra Boys, a inserção de instrumentos inusitados e que fazem total sentido no bagunça sonora que se propõe a fazer. Outra faixa que funciona muito bem.

Welfare Jazz segue com ótimos momentos, presentes em músicas como a falada Toad, a maravilhosamente estranha Secret Canine Agent e a dançante Girls & Boy (uma das melhores do álbum). A obra escorrega em alguns momentos pontuais, como a instrumental 6 Shooter (que, apesar de ter um início interessante, acaba pecando por ser longa demais), a cansativa e pouco empolgante Into The Sun e a fraca To the Country

O álbum fecha com a música In Spite of Ourselves, um cover do cantor John Prine, que faleceu em 2020 por complicações causadas pelo COVID-19. A faixa conta com a participação da cantora Amy Taylor, gerando um contraste interessante entre as vozes de Amy e Sebastian Murphy

Welfare Jazz é um álbum versátil, com uma mistura estranha, porém funcional de post-punk, punk rock, jazz e até mesmo country. O Viagra Boys consegue fazer tudo funcionar de maneira interessante, ampliando suas possibilidades sem perder sua identidade e atitude. O disco é diferente e peculiar, chamando a atenção com sua sonoridade às avessas e fidelizando o ouvinte com sua qualidade acima da média. O trabalho consolida o Viagra Boys como um dos nomes mais promissores do post-punk. Figurando como um dos principais lançamentos do mês de janeiro, Welfare Jazz, sem dúvidas, irá repercutir ao longo de 2021 e marcar presença em listas de melhores do ano.

Para fãs de: New Found Glory, Dance Gavin Dance e Emarosa