Fúcsia lança fervoroso EP de estreia, o Narval

Banda da zona leste de São Paulo traz vivências, ritmos ardentes e reflexões com EP de estreia

Capa: Fúcsia

Formada em 2019, a Fúcsia é uma banda composta por amigos de colégio, sendo eles Fel (guitarrista e backing vocal), Lucas Lupion (guitarrista e vocalista), Felipe Rossi (baixista) e Lucas Gallon (baterista e backing vocal).

Ambientado nos gêneros rock alternativo e noise rock, bem como inspirado em nomes influentes neles, o grupo lançou, em 6 de janeiro de 2023, seu EP de estreia, intitulado NARVAL.

Foto: Cicera Ellen

Composto por 6 faixas, o disco aborda sobre as raízes e vivências do quarteto, junto a visão deles diante da cena underground paulistana. Dessa forma, o EP abre com Origami, faixa que, a primeiro instante, mostra instrumentais leves, daqueles que deixam quem está ouvindo em estado de calmaria. No entanto, nos minutos finais, eles ganham força com a bateria e os riffs disparados. É uma abertura que segura o fôlego no início, mas que, quando solta, não se contém nem um segundo a mais. É imprevisível e ardente.

Seguindo a chama criada ao final da primeira faixa, Dua Lipa se inicia com vocais mais fortes. A música aborda sobre a raiva e desilusão dos integrantes causadas pelo constante pensamento de nunca estar a salvo fora de casa, o verso “Eu queria poder caminhar em paz, sem me preocupar em ser alvo de algo mais” grita em nome dessas dores de forma audaciosa. Além disso, a canção fala sobre a questão de privilégios e disfunção de realidades, o verso “Eu queria ter a capacidade que vocês tem, de ver uma desgraça e rir como piada, meu bem” faz essa crítica sem desvios. A faixa é a mais calorosa do disco.

Limiar transborda leveza e fala de mudanças. Em controvérsia, a música possui um refrão que explora tons mais afiados, chegando a ser, até mesmo, algo inusitado. O inusitado, em questão, se torna o destaque da faixa, já que, nos minutos finais, ele é utilizado sem moderação, através de gritos e o instrumental desenfreado. O verso “Mudar a tempo de dizer que não há mais meio de perder” mostra que a canção é uma verdadeira corrida contra o tempo. Os tons leves e fortes, intercalados nela, também fazem jus a esse termo.

Novela traz muito do noise rock para seu ritmo, carregando, claramente, influências oitentistas em sua bagagem. É o tipo de música que se escuta no fim de tarde para relaxar. Vanta (Das Vezes Que Olhei No Espelho) entrega ritmo semelhante e aborda sobre solidão. Os vocais expressam, sem demandar esforços, a angústia que isso causa. Como em Origami, a faixa tem sua explosão e ponto alto da ponte até o final, que é onde a melodia fica mais intensa.

Súplica fecha NARVAL com um destaque a mais para o instrumental e, sem dúvidas, esse aspecto é um destaque para o álbum por completo. Os tons usados nas faixas, ora calmos ora turbulentos, chamam atenção da mesma forma. Isso porque, além de serem bem produzidos, também reforçam o sentimento colocado para jogo nas canções.

Veredito

O disco é um ótimo pontapé de estreia, visto que ele busca contar sobre diversas experiências dos integrantes, bem como trazer reflexões sobre a sociedade e mostrar os gostos/influências, refletidos nos ritmos das faixas, que ajudaram a dar forma a Fúcsia. É uma apresentação honesta e fervorosa que mostra muita personalidade.

Ademais, além do EP, a banda já iniciou seu trabalho nos palcos. Para divulgar o novo disco, foi feito seu primeiro show, no dia sete de janeiro, no Estação Rock Bar. Continuando a jornada de divulgação, a Fúcsia se apresenta, no dia 15 de julho, no Armazém 77 (localizado na rua Befari, 525), junto à banda Yatto Kasama, às 20h00.

Para fãs de: Sonic Youth, Dinosaur Jr. e Sunny Day Real Estate