Súper Terror, do El Mató, reflete sobre o preço de superar os maus momentos

Em meio a excelente fase, a banda platina expande sonoridades em novo álbum

Capa: El Mató a Un Policía Motorizado

Os últimos anos têm sido definitivos para o El Mató a Un Policía Motorizado. A banda argentina rodou os Estados Unidos, Europa e América do Sul, e ainda faturou um Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock de 2022 com a compilação de versões Unas Vacaciones Raras.

Para coroar a excelente fase, no último dia 7 de julho, o quinteto lançou Súper Terror, seu quarto LP de inéditas, que é marcado por mais amplitude sonora e canções que ilustram o período pós-pandêmico na vida dos integrantes.

O álbum traz algumas das melhores letras da banda até então, fruto de um processo de desenvolvimento de Santiago Motorizado. Aqui, o vocalista discorre de maneira mais extensa e direta sobre o medo do futuro, saudades, desencantos e a importância de novos começos — situações que ultrapassam o âmbito pessoal e refletem os caminhos que a banda vem trilhando.

A razão que contribuiu para a coesão das composições, segundo o próprio, foi o fato de todas as canções terem sido compostas em um mesmo período, com uma linha bem definida. 

Logo na faixa de abertura, Santi canta “Tudo o que me importa não existe mais, quero saber por quem morrer.” Já em Tantas Cosas Buenas, ele suplica “Não me diga que as coisas vão ficar bem”.

Em termos de sonoridade, o álbum amplia ainda mais ideias apresentadas ao longo da carreira da banda, e em especial, desde La Síntesis O’konor, gravado no mesmo estúdio no Texas, Estados Unidos. 

Entretanto, além do indie mais etéreo e espacial costumeiro, o El Mató permitiu-se passear por outras vertentes, como os synths dançantes dos anos 80, que aparecem na dobradinha Un Diamante Roto e Tantas Cosas Buenas — e que fazem brilhar o tecladista Chatrán Chatrán.

(Foto: Guido Adler)

El Universo, uma das passagens mais introspectivas, explora um lado folk com melodias que reverenciam o roqueiro argentino Charly García — e em especial, sua banda setentista Sui Generis. “Suas palavras já não me fazem mal”, canta um Santi emocionado.

Para os indies mais conservadores, também há momentos de deleite. A abertura Un Segundo Plan e a eletrônica Voy a Disparar al Aire às vezes lembram os Strokes da era Angles, em especial pelas dobras de guitarras. 

Medalla de Oro remete ao The Velvet Underground, importante influência para os argentinos, e Coronado e Moderato se destacam pelos ótimos refrões, podendo aparecer em setlists de alguns shows durante a turnê da banda de La Plata.

Em sua totalidade, Súper Terror expande a sonoridade do El Mató a Un Policia Motorizado, e deve representar outro grande passo na história do quinteto. O álbum registra os momentos felizes, mas também o lado sombrio que as acompanha. No fim, pode ser isso que faça desses momentos felizes.

El Profeta de Fuego encerra o disco e crava: “É a névoa escura, está sobre mim. Mas não se preocupe, estou bem assim”

Para fãs de: The Strokes, Terno Rei e terraplana