Real Friends segue vivo e catártico em Torn in Two

Com novo vocalista, banda traz EP enérgico e introspectivo

Imagem: Pure Noise Records

Dez faixas, cinco músicas, duas versões de cada. Depois de três anos do seu último álbum de estúdio e a troca de vocalista, o Real Friends está de volta com o EP Torn in Two, assinado pela Pure Noise Records, trazendo canções – uma original e uma reimaginada para cada – que representam bem o novo capítulo da banda com Cody Muraro.

Da saída de Dan Lambton, a troca de gravadora e a colaboração com Andrew Wade (que já trabalhou produzindo bandas como Neck Deep e A Day To Remember), o Real Friends traz nesse lançamento um EP enérgico com temáticas introspectivas que combinam com o nome do álbum e trazem a sensação de estar rasgado em dois, – torn in two –, procurando por formas de se reconectar. O trabalho é, em si, um marco para a sonoridade da banda: os vocais de Cody vieram para mostrar que o Real Friends segue vivo e com a proposta catártica que sempre entregou.

(Imagem: Reprodução / Twitter)

Torn in Two aparece em um momento de desconexão geral, em um contexto de pandemia, e por isso suas temáticas mentais complementam os sentimentos que o isolamento deixou: a ansiedade, o escapismo e a sensação da perda de controle. Quem não se sentiu assim, pelo menos um pouco, no último ano?  

Em Remedy for Reality, a banda de Illinois abre o EP trazendo elementos familiares à banda, com um hit cheio de energia ao clássico estilo do pop punk. É definitivamente uma música de bater cabeças e de gritar o refrão nos shows. Para a segunda parte do EP, que traz uma proposta mais Lo-Fi, um estilo que vem fazendo sucesso em playlists do mundo inteiro, Remedy for Reality se mostra com uma batida mais leve e eletrônica; ambas traduzem bem a proposta da nova fase do Real Friends.

Nervous Wreck, a primeira música de trabalho desse EP do Real Friends lançada em junho, representa uma fase pré-covid da banda: o baixista Kyle Fasel explica que a música é sobre uma tentativa de “sair do lado introvertido” e se sentir fora da própria pele em situações sociais. Em um pop punk mais suave e cantante, Nervous Wreck é a música mais chiclete do EP, no melhor sentido. Sua versão reimaginada segue a linha de Remedy for Reality, pop e eletrônica.

“These last two years were the worst years of my life / Left me fucked up past the point of ever believing that I’d get by” O desabafo que abre Teeth vem de um lugar pessoal do vocalista Cody Muraro: ele mesmo afirma que a música é sincera na linha do tempo de sua vida. Teeth faz um caminho inverso às outras músicas do EP, já que sua versão oficial do clipe é um acústico com foco na voz marcante de Cody e nos acordes de violão e sua versão reimaginada traz a banda inteira. O clipe dirigido por Raul Gonzo (que também dirige clipes de PVRIS) traz o foco nessa dor íntima de Teeth. Ambas as versões do EP, tanto a primeira quanto a reimaginada, permitem que o ouvinte embarque na mensagem forte da música. 

Co-escrita com John O’Callaghan, vocalista da banda The Maine, Spinning traz o melhor do pop punk enérgico com momentos que te fazem lembrar de que, independente das mudanças da banda, a essência segue ali entre os versos e a batida rápida típica. Sua versão reimaginada também não fica para trás: com um ritmo mais suave, a música se transforma em outra, cada uma para ouvir em momentos diferentes.

Com uma melodia cheia de emoção e uma letra abordando sentimentos clássicos do gênero, Storyteller vem para fechar Torn in Two com chave de ouro. “You’re a storyteller / What you buried deep resurfaced / You’re a liar, liar, liar / No secret that you kept ever f*cked me up like this / Storyteller, you’re a liar, liar, liar” é mais um refrão catártico e cheio de indignação que faz qualquer um querer cantar (ou gritar) junto. O começo lento e instrumental adicionam um clima diferente para a música, deixando-a rica em elementos e permitindo que cresça de uma balada triste para uma grande explosão no refrão. Sua versão reimaginada faz lembrar um pouco o pop punk dos anos 10, de batidas dançantes – uma proposta totalmente diferente.

Por fim, Torn in Two consegue entregar em dez faixas um passeio incrível, enérgico, melódico e até dançante por músicas de letras imponentes que se reinventam ao longo do EP. A ideia de reimaginar cada faixa é simplesmente genial e dá um lugar cativo à banda entre os grupos de sucesso de pop punk na atualidade, agradando tanto os fãs antigos, que não deixam de receber o clássico Real Friends, quanto fãs novos, que embarcam nessa nova fase da banda. Torn in Two mostra que o Real Friends soube se reinventar por meio de rasgos e boas músicas.

Para fãs de: Neck Deep, Seaway e Like Pacific