Em dupla, Emarosa se entrega ao pop com Sting

Seu sexto álbum de estúdio solidifica a transição que já estava em curso

Capa: Out of Line Music

Após quase quatro anos de Peach Club, Bradley Walden e ER White trouxeram novo corpo ao Emarosa em seu mais novo lançamento, Sting.

Fortalecidos em dupla, a roupagem se deslocou um tanto do post-hardcore e os elementos de pop, sintetizadores e graves se tornaram o carro chefe. No entanto, é possível sentir a referência ao estilo consolidado nos anos 80 e 90, o que The Weeknd também trouxe em Dawn FM.

O começo da nova era

Com uma clara referência ao Michael Jackson, Preach abre o novo trabalho da dupla. A composição e os sintetizadores sinalizam que a marca do Emarosa foi bem trabalhada durante os anos, pois a atmosfera é fácil de reconhecer e o baixo acompanha em mais evidencia que a própria guitarra tímida de background. Antes do refrão nós podemos sentir um pouco de LANY entre os versos que cantam sobre escolhas e efemeridade.

O segundo single lançado dá lugar à segunda faixa do disco. Attention, então, mostra o caminho mais pop com estalos de dedos para demarcar o tempo. Com falsetes e um refrão poderoso, seguido de um coral feminino crescente, complementam o canto sobre o medo de ficar sozinho e não encontrar lugar no mundo.

Stay, terceiro single lançado para aquecer o Sting, tem um refrão pausado com o baixo bem utilizado, e os sintetizadores mostrando o caminho. O vocal é poderoso, a essência do Emarosa que conhecemos está em cada vírgula, o eco é agradável a fim de apresentar mais do ambiente musical. No entanto, encorpando ainda mais, Stay conta com uma faixa de saxofone sabiamente encaixada.

Um pouco de pop no rock em Sting

(Foto por Kirsten Smith)

Exibindo inspiração no pôr-do-sol, Cinnamon é o típico som dançante que faz o fã assobiar sem hora para parar. A faixa pega na mão e te leva para passear, como The Ivy sabe fazer muito bem. O solo de guitarra, entretanto, liberta, o que parece um preparo para a explosão sonora, não deixando brechas para um corpo inerte, inclusive durante o refrão.

Forgiveness marca o meio do disco. Mais suave, em seu início, a narrativa prepara a entrada do baixo bem demarcado no refrão. É possível encontrar uma mistura de contemporaneidade com o estilo flash back, tornando a narrativa agradável e, por isso, uma viagem no tempo com um pé na atualidade.

Carregando uma letra sobre saudade, INLA levanta referências sonoras de LANY, principalmente pela atmosfera criada. Seu início com teclado já emenda dedos estalando e o sintetizador potencializando toda a energia do vocal gradual até sua explosão no refrão com um breve elemento da guitarra muito bem demarcada. O solo soma, como um agridoce no ponto certo, caminhando para o refrão final poderoso.

Mais referências

Sendo o último single lançado, Again se mostra um pop contemporâneo, no entanto, sem derrubar os pratos de equilíbrio do baixo vintage. Contendo elementos pontuais de Justin Bieber, seu refrão é mais rápido que as demais faixas, o que salienta a curva de Sting.

Com pitadas de Everybody Wants Rule The World, a oitava faixa faz questão de nos lembrar que estamos ouvindo Emarosa. Woman traz elementos do rock alternativo, recordando um pouco a faixa Ready to Love, single lançado em 2019. O vocal é poderoso, seu refrão possui uma dualidade que faz par e se completa, já que a letra é carregada de elementos amorosos em uma narrativa instável sobre ser e não ser, ter ou não ter.

(Imagem: Reprodução / Instagram @Emarosa)

Rush mostra outra roupagem vocal. Mais eletrônica, a faixa poderia ser até sido lançada como single, pois há bastante de atualidade em sua sonoridade. O baixo é bem pontuado, e novamente, os estalos de dedos marcando o tempo aparecem antes dos últimos versos serem cantados.

Enfim finalizando o disco, Danger tem uma introdução feita com o teclado e sintetizadores. O vocal de Bradley Walden se sente solto para percorrer o caminho introduzido pela ambientação, o fazendo com bastante confiança e podendo sentir o sorriso em sua voz. Notas altas são soltas e trazidas com maestria, sem pressa, afinal, Danger é mais pausada, levada por um ritmo leve em preparação ao refrão. O saxofone é a cereja do bolo para encerrar Sting.

A nova versão do Emarosa

O Emarosa, mesmo mudando consideravelmente o seu estilo, entregou uma nova versão, solidificada, da atual dupla que contempla a banda. É notável, portanto, que sua parábola de adaptação foi versátil durante os trabalhos anteriores, estudando referências de época e anotando os detalhes do pop contemporâneo, garantindo expertise na execução das lições de casa para o nascimento de Sting.

Para fãs de: Issues, I the Mighty e LANY