O debut memorável de Brooklane com Roll with the Punches

Banda traz em primeiro álbum diversos elementos do pop punk underground e surpreende

Imagem: Reprodução / We Are Triumphant

2010 foi uma década e tanto para o pop punk. Com a vertente old school deixando o mainstream e a os festivais de música alternativa norte-americanos em alta, uma outra safra de bandas ganhava espaço nas redes sociais e fora dos holofotes comerciais: a do pop punk underground. A música já mergulhava no meio digital e com o fervor das redes sociais, conhecer novos sons era uma atividade cada vez mais simples e rotineira.

Com o surgimento das gravadoras independentes e os serviços de streaming de música já dando as caras, uma nova geração mais madura e com integrantes nativos digitais ganhou as redes sociais: bandas como The Wonder Years, Neck Deep, Real Friends e State Champs começaram a dividir seu trabalho com o mundo, agradando os fãs do pop punk old school mas também trazendo uma nova roupagem para o gênero que fez sucesso nos anos 2000.

Conheça Brooklane, o mais novo nome do pop punk underground (Imagem: Reprodução / Instagram)

Uma década depois, os principais nomes dessa onda ainda estão na ativa, e mesmo com o pop punk agora sendo aproveitado por uma galera mais nova e com som experimental, ainda há bandas que mostram que a vertente underground continua viva. É o caso da Brooklane, banda formada em Fargo, a maior cidade da Dakota do Norte, cujo álbum Roll with the Punches chegou às plataformas digitais em janeiro e mostrou que 2021 preparava um ano e tanto para a banda e também para o cenário do gênero.

O trabalho já começa com um colapso energético e cheio de expectativas para o que vem a seguir: Growing Older é fluorescente e repleta de exclamações, sem medo de mostrar o verdadeiro intuito do Brooklane ao se lançar como um grupo underground mesmo uma década após o fervor do estilo. A banda formada por Alex Anderson (vocais), Damon Gullicks (baixo), Chance Stearns (guitarra) e Isaiah Folk (bateria) não hesita em assumir suas referências, que vão de The Story So Far a WSTR, além de carregar todos os elementos que tornam o gênero único ao longo das 9 faixas (13 na versão deluxe).

Brooklane abraça as temáticas principais do pop punk desde seu início, onde reflete sobre o rápido passar do tempo e a aproximação da idade avançada. Em Bite the Bullet, essa que leva a excelente participação especial do We Set Signals, a banda reflete sobre um tema que muitos consideram batido no movimento, mas que ainda se mostra muito presente dada a geração que os integrantes pertencem quando adentram no pop punk: o pertencimento, seja no tempo, na cidade natal e nas pessoas.

A banda ainda abre espaço para refletir sobre questões de saúde mental: o assunto que tomou conta de 2020 por conta do isolamento social e trouxe ainda mais exposição para o pop punk justamente por sempre ter sido um espaço seguro para abordar essas temáticas. É o caso de Anxiety, um dos singles que antecipou o lançamento de Roll with the Punches e que também ganhou um clipe.

O trabalho ainda se estende com outra participação especial na sexta faixa: a de Jason Lancaster, veterano do movimento por ter passado por bandas como Go Radio e Mayday Parade. Em Here to Stay, Brooklane valoriza os vocais de Alex Anderson e de Lancaster para retratar uma cena de despedida entre duas pessoas que talvez não se vejam mais — tudo isso numa atmosfera acústica, deixando as vozes de ambos vocalistas serem as verdadeiras protagonistas do momento.

Here to Stay é antecipada por Time Spent, que cria com essa união de faixas uma narrativa mais melancólica e de clima de despedida e nostalgia, contando a história de duas pessoas que viveram momentos incríveis juntos e que infelizmente não retornam mais. A energia retorna nas três canções finais, que consolidam ainda mais a ideia de que esse duo vem ao trabalho como uma narrativa à parte de todo o álbum — mas que não soam como meras avulsas no conjunto da obra.

A versão Deluxe

Versão deluxe de Roll with the Punches (Imagem: We Are Triumphant)

No fim de agosto, Brooklane dividiu uma versão extendida de um trabalho que já se mostrava completo no início do ano: a versão deluxe de Roll with the Punches traz versões reimaginadas de Anxiety e Ship Wrecked, com os vocais de Alex Anderson ganhando mais exposição junto aos acordes do violão.

A novidade no entanto fica para Ready to Fall e Empty Room: duas canções que carregam toda a narrativa dolorosa do pós-rompimento adiantado em Time Spent, na versão original. Na primeira faixa, Alex canta praticamente sem a companhia de instrumentos no primeiro pré-refrão e lamenta o vazio deixado por alguém muito especial, mas reflete a importância de se levantar e seguir em frente.

Empty Room começa saudosa, relembrando bons momentos e mostrando como as mudanças repentinas causam uma sensação de estar sem chão para o protagonista de toda essa história. Aqui, Brooklane dá nome à destinatária de todas as canções tristes do disco: Mary — chamando-a repetidamente mesmo que ela não consiga ouvi-lo mais, como adianta nos versos seguintes.

Veredito

Roll with the Punches consegue facilmente ser um dos melhores trabalhos do ano dentro do pop punk underground, além de estabelecer uma excelente estreia para o Brooklane como uma banda que acabou de se lançar, mesmo no meio de uma pandemia global. Com expectativas para o futuro e saudosismos para o passado, os garotos da Dakota do Norte são definitivamente um grupo para se ficar de olho.

Para fãs de: Neck Deep, The Story So Far e State Champs