This Is Sempiternal: 10 anos do álbum que moldou uma geração

Há uma década, Bring Me The Horizon lançava um projeto que mudaria para sempre o mundo do metalcore

Arte: Ana Oliveira / Downstage

CAN YOU TELL FROM THE LOOK IN OUR EYES?

Não dá para falar de Bring Me The Horizon sem falar de Sempiternal, um projeto que marcou a carreira da banda e que continua moldando o universo do metalcore até hoje.

Foto: Reprodução / @bringmethehorizon

Com uma sonoridade mais madura e complexa, o quarto disco da banda é o resultado da união do metalcore com um synthwave sutil, que surgiu com a entrada do tecladista Jordan Fish na banda – o que foi algo completamente inesperado e inovador vindo de uma banda como BMTH naquela época, portanto, vamos contextualizar melhor.

Pouco antes do lançamento do Sempiternal, em 2012, o BMTH havia acabado de sair de sua turnê do disco “There Is A Hell Believe Me I’ve Seen It, There’s a Heaven Let’s Keep It A Secret“, trabalho que havia sido bem recebido pelo público, mas que ainda causava enorme divisão na comunidade do metal. Foi então que o grupo decidiu ficar fora dos holofotes, focando integralmente na produção de seu próximo projeto.

A entrada de Jordan Fish no grupo foi gradativa e “natural”. No início, o tecladista estava apenas ajudando na composição das músicas e dando alguns toques com o synth, mas não demorou para que seu papel no álbum se tornasse essencial e isso acabou sendo o ponto de virada para o Sempiternal.

Sykes, em entrevista para a NME, revelou: “Cada vez que fizemos um novo disco, trouxemos alguém para trabalhar nos aspectos digitais e de programação. Jordan era um amigo que trazíamos ocasionalmente, mas dessa vez ele acabou escrevendo as músicas. Ele tem um estilo incrível, muitas ideias e ouve músicas diferentes das que eu ouço. Conseguimos nos conectar em um nível similar, mesmo não conhecendo as mesmas bandas e músicas.”

E assim seguiu o processo de produção do álbum. Nomes importantes, como Terry Date, produtor de “White Pony“, do Deftones, também passaram a fazer parte da composição da obra. Mas nem só a genialidade de Dates e Jordan fez com que Sempiternal se consagrasse como o melhor trabalho do Bring Me The Horizon até então.

(Foto: Reprodução / Álbum Cover)

Oliver Sykes tinha acabado de passar por um episódio envolvendo seu vício em drogas, e seu processo de reabilitação foi essencial para a composição das letras, muitas delas refletindo a luta pessoal do vocalista e como ele precisava superar seus problemas. Em uma entrevista para a NME, ele revelou que “foi um período de amadurecimento para todos nós”.

O significado do álbum muda completamente quando se tem essas informações. É nítida a dor e o sofrimento que tanto Sykes quanto todos ao redor do vocalista passaram durante todo esse período. Cada música tem sua história, seu peso e sua profundidade por trás. Cada nota tem a sua agonia e a sua tortura que foram sendo superados e moldados ao longo do projeto. E tudo isso torna o Sempiternal um trabalho ainda mais incrível e único.

TIME STOOD STILL THE WAY IT DID BEFORE IT’S LIKE I’M SLEEPWALKING

Não existe um show até hoje em que BMTH não toque ao menos uma música de Sempiternal (ou que pelo menos os fãs não peçam enlouquecidamente alguma das faixas do disco).

E então, ficamos na dúvida: será possível que um dia a banda consiga produzir um álbum que seja melhor do que este que mesmo depois de uma década ainda seja tão presente e tão vívido?

Fica aí o questionamento.

CAN YOU HEAR THE SILENCE? CAN YOU SEE THE DARK? CAN YOU FIX THE BROKEN?

A música que não pode faltar (de jeito nenhum) nos shows. É a abertura perfeita. O melhor jeito de começar e deixar o público enlouquecido. Can You Feel My Heart é até hoje a música mais ouvida da banda no Spotify e a mais querida pelo público. É aquela melodia que toca o coração, a mente, a alma, e que te faz sentir tantas coisas diferentes cada vez que a escuta que é impossível se cansar dela.

Assim como Shadow Moses, Sleepwalking, Antivist (feat. Pabllo Vittar) e todas as outras.

E para muitos fãs da banda isso é Sempiternal.

13 faixas únicas, exclusivas e viciantes.

53 minutos e 45 segundos de puro delírio e júbilo.

É impossível descrever um projeto que marcou para sempre a vida de milhares de pessoas, que serviu e serve até hoje de base para muitas bandas. Que mudou para sempre o universo do metalcore. Mas seguimos tentando.

THIS IS SEMPITERNAL WILL WE EVER SEE THE END?

Foto: Reprodução / @bringmethehorizon

Olhando para trás, poucos imaginariam que tudo isso poderia acontecer. Apesar de diversas bandas já usarem sintetizadores em seus projetos como I See Stars, Asking Alexandria, Blessthefall etc, a forma como BMTH utilizou em Sempiternal foi tão peculiar que estourou a bolha. Claro que os créditos não são todos do synth, mas sim de toda a composição da obra.

E desde então a banda tem conseguido cativar o público mainstream como nunca. Com direito a indicação ao Grammy Awards de Melhor Música de Rock por MANTRA em 2019 e em 2020 de Melhor Álbum de Rock por amo.

Assim como existe o mundo a.C. e d.C. existe o mundo antes Sempiternal e pós Sempiternal. As bandas do universo do metalcore mudaram de acordo com essas duas eras, outros projetos surgiram à partir delas e assim tem sido até que a gente vivencie um trabalho superior.

Mas enquanto isso não acontece, aproveitaremos bem o eterno Sempiternal.

Don’t say I’m better off dead ‘cause heaven’s full and hell won’t have me